Dados do Banco de Portugal desagregam o património total financeiro e não financeiro das famílias portuguesas ao longo do tempo. Ativos das famílias em fundos de investimento posicionam-se praticamente na metade do que eram em 2006.
Séries longas disponibilizadas pelo Banco de Portugal sobre o património das famílias portuguesas desde 1980 permitem analisar a evolução da sua desagregação ao longo de praticamente quatro décadas. Estas estimativas de património, com divulgação anual, incluem a componente financeira (ativos e passivos) e a habitação (principal componente do património não financeiro). Segundo a entidade reguladora do sector bancário, as séries financeiras para o período anterior a 1994 foram retropoladas utilizando as taxas de variação implícitas nas séries de património anteriores. Para mais detalhes sobre a metodologia, consulte o Boletim Económico do Banco de Portugal de maio de 2019.
Uma conclusão é evidente, o património financeiro das famílias portuguesas, de cerca de 400 mil milhões de euros em 2018 - o património total atinge os 788,85 mil milhões de euros-, tem mostrado uma evolução bastante positiva ao longo do tempo, acentuada pelo aumento do peso das Ações e Outras Participações Financeiras e dos Depósitos & Moeda. Esta última representa a rubrica de maior peso, atingindo, no final de 2018, valores na ordem dos 180 mil milhões de euros. O valor em regimes de seguros e pensões tem-se mostrado relativamente inerte ao longo da última década, com o valor atual na rubrica a posicionar-se sensivelmente ao mesmo nível do que se verificava em 2008.
De notar que dados divulgados pela Associação Europeia de Fundos de Investimento e Gestão de Ativos (EFAMA) relativos a 2017 estimam um montante de ativos financeiros detidos pelas famílias portuguesas inferior, na ordem dos 285 mil milhões de euros.
Já a rubrica de Ações e Outras Participações, superava os 110 mil milhões de euros em 2018 sendo que destes apenas 16,8 mil milhões de euros estavam alocados a unidades de participação de fundos de investimento, com base na metodologia e estimativas do Banco de Portugal. Este número está longe dos máximos que foram atingidos em 2006, exercício em que o valor superou os 31 mil milhões de euros, mas relativamente em linha com os valores divulgados pela EFAMA que estimava 18 mil milhões de euros em fundos de investimento por parte das famílias portuguesas em 2017 (neste ano o BdP estima 17,64 mil milhões de euros). De realçar, no entanto, que desde 2011 que o montante investido pelas famílias portuguesas em fundos de investimento iniciou uma tendência de evolução positiva.
Por fim, é importante notar que nos anos mais recentes o Banco de Portugal estima um crescimento significativo do peso do património não financeiro no património total das famílias portuguesas, impulsionado pela robustez do mercado imobiliário que se tem refletido no aumento do peso do valor da habitação no ativo das famílias. De um mínimo de 45,64% em 2015, o peso da habitação no património total atingiu os 49,04% no final do exercício mais recente.
Na tabela abaixo confira os números ao detalhe.