Segundo Gonçalo Ormonde, do departamento de Gestão de Ativos do Banco Invest, o cenário para os ativos com risco permanece “relativamente incerto” quando comparado com o período pré-Liberation Day, “sobretudo após a recente recuperação de alguns segmentos como as ações do setor tecnológico e consumo discricionário e, entre as obrigações, do estreitamente de spreads da dívida privada”, explica. Além disso, os spreads de crédito mantêm-se, neste momento, historicamente reduzidos e com pouca margem para mais estreitamente. Assim, considerando a maior correlação entre os spreads de high yield e os mercados acionistas, no Banco Invest mantêm a preferência no segmento de dívida soberana e dívida privada investment grade. “Como alternativa ao high yield, e por forma a maximizar a yield das carteiras, salvaguardando um rating médio IG, mantemos igualmente a exposição a obrigações de dívida híbrida”, acrescenta.
No atual contexto, privilegiam também a gestão ativa na componente obrigacionista. “Passámos de um ambiente de globalização, volatilidade reduzida e taxas de juro e inflação baixas (período pós-crise financeira), para um ambiente de mercantilismo marcado por uma inflação mais alta e volátil, bem como taxas de juro historicamente mais elevadas (era pós-pandémica)”. Na opinião do profissional do Banco Invest, é expectável que este novo paradigma continue a conduzir “a uma maior dispersão e volatilidade nos mercados”, sendo, por isso, essencial, adotar uma gestão “flexível e dinâmica, capaz de uma rápida adaptação à evolução das condições de mercado”.
Gonçalo Ormonde conta ainda que o processo de seleção de fundos comercializados pela entidade segue uma “detalhada análise quantitativa” – do ponto de vista da liquidez do fundo, rácio risco-retorno, entre outras métricas – “e qualitativa”. Nesta última, procuram regularmente reunir ou comunicar com os gestores, equipas de gestão com track record, estratégias consistentes e provas dados em diferentes eras e ciclos económicos.
“O início do ano”, explica, “trouxe-nos uma notória subida das yields, com os 10 anos na dívida soberana dos EUA a subirem para perto do marco dos 4,80% e Alemanha perto dos 2,70% (como proxy para a zona euro)”. Neste sentido, nos primeiros meses do ano, decidiram aumentar a duração nas carteiras com maior foco na Europa. Já para o remanescente do ano, preveem “manter os atuais níveis e reavaliar ao longo do ano caso as condições de mercado se alterem de forma substancial”.
1/2