Que mudanças de tendência revelam os fluxos para ETF em agosto?

reuniao noticia
Créditos: PMS (Unsplash)

O investimento à escala mundial em ETF alcançou os 90.800 milhões de dólares em agosto, o que constitui um forte aumento face a julho (77.300 milhões). São dados do relatório da indústria de ETF da BlackRock, que mostra que os fluxos de entrada em produtos cotados de ações aumentaram para 66.200 milhões face aos 53.300 milhões de julho, apesar das flutuações na confiança do mercado. O investimento em produtos cotados de obrigações manteve-se na quota dos 23.600 milhões, enquanto os ETF de matérias-primas registaram saídas de capitais pelo terceiro mês consecutivo (-1.900 milhões).

Através destes grandes números podemos observar tendências interessantes. Por exemplo, a rotação para os setores defensivos, que continuou. Assim, os investimentos orientaram-se para os ETF de tecnologia e saúde, em detrimento dos cíclicos. Isto aconteceu também no âmbito das obrigações, com a dívida corporativa investment grade a liderar as captações de dinheiro.

Tendências em ações

No aumento do interesse pelas ações, os investidores mostraram uma clara preferência pela qualidade e pelas exposições defensivas. A nível regional, os ETF de ações americanas representaram 72% (48.300 milhões de dólares). Pelo contrário, as alocações líquidas aos mercados emergentes, Japão e Europa, representaram só 5% dos fluxos para ações em agosto, face aos 18% de julho. Ou seja, os Estados Unidos ganharam interesse, enquanto o resto dos mercados desenvolvidos o perderam

A preferência pelos ativos defensivos foi um tema-chave em agosto. As compras de ETF nos setores tecnológico e de saúde continuaram, com entradas no valor de 4.800 e 2.700 milhões, respetivamente. No outro extremo, os fluxos para setores cíclicos diminuíram com os ETF sobre indústria (-1.500 milhões) e energia (-1.300 milhões) a experienciar saídas de dinheiro. Isto é, os investidores estão a voltar a apostar em empresas onde a viabilidade dos ganhos é maior em detrimento daquelas mais vinculadas ao ciclo económico, apesar de o setor financeiro se ter desmarcado da tendência, com entradas de quase 3.000 milhões.

Tendências em obrigações

Os fluxos para ETF de obrigações também mostraram uma preferência pelos setores defensivos e de maior qualidade em agosto. Os produtos que replicam índices de obrigações com investment grade foram os mais populares, com captações a rondar os 6.400 milhões de dólares. Assim, o high yield ganhou 1.200 milhões de dólares, invertendo os 1.000 milhões de dólares de saídas de julho. Apesar das expectativas de inflação mais baixas, os ETF ligados à inflação continuaram a receber entradas (3.700 milhões de dólares), embora ligeiramente menos do que em julho (4.500 milhões de dólares).

No que diz respeito à dívida de mercados emergentes, os produtos que replicam índices deste tipo registaram vendas de 900 milhões. Este foi o primeiro mês de saídas desde o recorde de 8.100 milhões de reembolsos registados em março de 2020.