Quer ultrapassar o mercado? Pergunte ao gestor pelo ambiente no seu trabalho

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Gabrielle Henderson, Unsplash

Um bom indicador de rentabilidades futuras? Não pergunte por retornos passados, mas pelo ambiente laboral. Segundo um estudo recente da consultora McKinsey, o esforço e os recursos que uma entidade investe na cultura do trabalho são tão relevantes quanto a sua estratégia para ganhar dinheiro. Com base no seu Orgazitional Health Index (OHI), as organizações que dão ênfase à saúde dos seus trabalhadores devolvem um retorno total três vezes maiores aos seus acionistas.

São as conclusões após um estudo com 5.000 investidores institucionais (fundos de pensões, fundos soberanos, endowments, etc.), de 23 empresas que juntos gerem quase quatro biliões de dólares em ativos. A sua conclusão é clara: quanto melhor o ambiente laboral, melhores os retornos. É difícil estabelecer uma correlação científica entre estas soft qualities e a rentabilidade do investimento, mas há uma forte base para ver a relação entre ambas. “O grau em que os empregados acreditam na missão organizativa da sua empresa e a qualidade das suas práticas de gestão do talento são determinantes estatísticas do rendimento do investimento ainda mais fortes que os incentivos financeiros”, afirmam.

Para a consultora, os resultados do inquérito mostram que o mais importante para conseguir retornos líquidos de investimento é criar um contexto de talento adequado, no qual os empregados se sintam conectados com a missão da organização, apoiados pela liderança, guiados no seu desenvolvimento profissional e que tenham autonomia. “Por isso, contratar pessoas excecionais é uma grande parte do sucesso, mas ajudá-las a desenvolver e prosperar também é vital”, insistem.

Na sua análise encontraram uma correlação positiva estatisticamente significativa entre as pontuações de saúde organizacional e os retornos de investimento líquido médio a cinco anos. O inquérito do OHI e os dados de avaliação comparativa explicam quase 60% das variações no desempenho dos investimentos entre investidores institucionais. Na McKinkey estão conscientes de que o conjunto de dados utilizado é relativamente pequeno e se tivessem que medir toda a indústria, a relação poderá não ser tão definitiva. “Mas se assumirmos que os dados são discricionalmente corretos até 10 ou 20 pontos base, esse nível de impacto marcará uma diferença significativa nas carteiras no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares ou mais”, apontam.

O que influencia exatamente? Há ingredientes, como eles os definem, que parecem ser mais determinantes do que outros.

Os fundos com elevados retornos tendem a configurar e alinhar de forma mais eficaz a organização e os seus empregados em torno da sua missão organizativa. “Pôr ênfase na natureza impulsionada pela missão de, digamos, uma pensão que sustenta o futuro dos trabalhadores públicos reformados, ou um fundo soberano que protege a riqueza da sua nação, pode traduzir-se em maiores retornos”, defendem.

As estratégias com melhores rendimentos também demonstraram capacidades de gestão do talento particularmente sólidas. “Não é nenhum segredo que o talento importa no momento de investir”, recordam. Nas 23 instituições, encontraram correlações positivas estatisticamente significativas entre o rendimento do investimento e a aquisição de talento, o desenvolvimento do talento e o uso da experiência subcontratada. “Curiosamente, o desenvolvimento do talento demonstrou ser um fator mais importante para a saúde organizacional do que os incentivos financeiros”, comentam. Um foco na gestão do talento pode ser tão ou mais importante do que a compensação. É uma conclusão pouco surpreendente: o talento é um ponto-chave para um sólido rendimento dos investimentos.

Um conjunto adicional de práticas de gestão comum aos melhores é a liderança consultiva e de apoio, ou seja, a adoção por parte dos executivos de estilos de confiança, participação e colaboração. As instituições onde os empregados viram a liderança sob esta luz mostraram uma correlação positiva estatisticamente significativa com os retornos do investimento. Os empregados destes fundos que viram a liderança a fomentar uma cultura criativa e empreendedora sentiram que tinham autonomia para experimentar novas formas de melhorar o desempenho dos investimentos e tinham tempo fora do dia a dia para se focar no pensamento inovador.