A necessidade de alcançar economias de escala nunca foi tão evidente na indústria. É crítico num ambiente em que as margens de lucros das gestoras estão a cair e os custos a aumentar.
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A gestão tradicional com uma reduzida componente de gestão ativa tende a polarizar-se em dois extremos. Por um lado, esta gestão totalmente passiva, canalizada através de produtos com tracking error que tende para zero e uma comissão de gestão muito reduzida, principalmente ETFs e fundos indexados. Do outro lado, estão as gestoras que oferecem uma gestão muito ativa, em que os gestores tentam gerar um retorno extra e obtêm numa comissão de êxito. Ambas estão a crescer como demonstra o espetacular incremento dos ativos a nível global de entidades com a BlackRock ou Vanguard (provedores de soluções passivas) e a Carmignac, Jupiter ou Alken (como boutiques independentes com produtos que procurar gerar alfa).
Mas maiores dificuldades têm sido enfrentadas pelas gestoras que permanecem no meio. Isto por vários motivos. O primeiro, por causa dos cada vez maiores custos que têm de ser enfrentados para fazer frente ao cumprimento normativo, um fator que contribui para a redução das margens. O segundo porque a gestão tradicional decresce devido à não existência de uma proposta de valor diferenciada face à oferecida pela gestão passiva (preço mais caro no que respeita à rentabilidade, que será muito parecida ao índice) e a que representa a gestão muito ativa (promessa de resultados e uma proposta de valor único), o que está a obrigar as entidades a reduzir as suas comissões de gestão, outro dos fatores que estão a pressionar as margens destas empresas.
A necessidade de alcançar economias de escala nunca foi tão evidente na indústria. É isto que está a provocar o grande baile que está a viver o setor. Aberdeen e Standard Life, Henderson e Janus Capital ou a integração da Pioneer Investments na Amundi são alguns dos exemplos que evidenciam como as gestoras estão a procurar ganhar tamanho à base de operações de fusões e aquisições. “Dentro da franja de tamanho médio do mercado é onde se produz a consolidação”, explica Grant Leon, responsável de vendas da Capital Group para a Europa e Ásia.
Não há um número mágico de ativos sob gestão que permita saber quando uma entidade resolveu os seus problemas de escala. Depende do rentável que seja cada gestora e do seu modelo de negócio, mas a necessidade de ganhar tamanho é crucial. “Necessita de um ambiente em que as margens de lucro das gestoras estão a cair e os custos vão na direção contrária. O resultado é que necessitam de ser maiores, globais, estar em todas as localizações adequadas do mundo e com infraestruturas em todas elas, ter uma gama ampla de serviços de investimento em ações, obrigações e multiativos para atender aos clientes. Ou isso ou ser pequeno e fazer apenas uma das coisas, mas fazê-las bem, com uma equipa reduzida e margens muito altas”, indica Leon.
Um claro exemplo desta estratégia é encarnado pela La Française AM. Uma das áreas em que a entidade se está a focar é no desenvolvimento de soluções de investimento centradas em real estate. “Aí está a grande oportunidade. Trata-se de um segmento em que a competição não é muito alta e em que podemos manter margens num ambiente de baixas comissões e incremento dos custos. Quanto mais especialista se é na matéria, menor pressão se sente para reduzir tarifas”, reconhecia numa entrevista à Funds People Patrick Riviere, diretor geral da gestora francesa.
As que apostam por crescer via operações corporativas, o que procuram é complementaridade. Estudam quais são os pontos fortes próprias e as do pretendente com o objetivo de tornar a união mais benéfica quanto possível para ambas as partes e que o processo de integração deixe pelo caminho o menor número de vítimas possível antes da sobreposição que, em maior ou menos grau, sempre ocorre em determinados departamentos. Os problemas podem vir da pressa. “A corrida para consegui-lo, por medo de ser deixada para trás, sozinha e sem pretendentes, pode forçar as equipas a realizar operações imprudentes. Executar um acordo num negócio de indivíduos com culturas e personalidades fortes é complicado. De facto, estão a começar a produzir-se algumas falhas em processos de integração”, conclui Michael Clements, responsável de ações europeias da SYZ AM.