A mais recente edição da Broadridge’s Fund Brand 50 (FB50), o estudo de referência na identidade de marca no mercado, volta a revelar este ano as empresas de gestão de ativos mais valorizadas pelos profissionais em cada país. Na Península Ibérica, a BlackRock mantém a sua primeira posição no ranking enquanto gestora com a melhor imagem de marca. A J.P. Morgan AM, Fidelity, PIMCO e Morgan Stanley subiram de posição, enquanto a Robeco, Nordea AM e Pictet AM desceram e a Capital Group saiu do Top 10.
As gestoras com melhor imagem de marca na Península Ibérica em 2024 | |||
Gestora | Posição de 2023 | Posição de 2022 | Variação anual |
BlackRock | 1 | 1 | - |
J.P. Morgan AM | 2 | 3 | 1 |
Fidelity | 3 | 4 | 1 |
Robeco | 4 | 2 | -2 |
Amundi | 5 | 5 | 0 |
PIMCO | 6 | 8 | 2 |
Nordea AM | 7 | 6 | -1 |
Morgan Stanley IM | 8 | 11 | 3 |
Pictet AM | 9 | 7 | -2 |
Schroders | 10 | 10 | 0 |
2023: o ano da gestão passiva
Da análise das marcas em 2023, a Broadridge retira algumas conclusões interessantes sobre as tendências que estão a emergir no mercado. A pressão no setor por parte do investidor europeu mais cauteloso, que está a depositar o seu dinheiro em contas de poupança bancárias e monetários, está-se a fazer sentir. “Estão a examinar as credenciais dos gestores de ativos como nunca o tinham feito”, detetam no estudo.
Desta forma, o abrandamento do crescimento afeta as previsões económicas mundiais para 2024, pelo que as gestoras devem aproveitar os seus pontos fortes e flexibilizar os seus atributos de marca para competir num mercado saturado que não pode sustentar os atuais níveis de concorrência.
O ranking europeu também evidencia o impacto do crescimento da gestão passiva. “Num ano em que as gestoras passivas ganharam impulso, a Vanguard situou-se entre as dez primeiras marcas, com uma elevada pontuação enquanto agente internacional principal e pela sua solidez”, afirma Barbara Wall, diretora de Global Distribution Insights da Broadridge. “A sua colega iShares, a marca de gestão passiva da BlackRock, também subiu na tabela de classificação do oitavo para o sexto lugar, destronando a Robeco, embora a gestora ativa holandesa mantenha a primeira posição graças às suas caraterísticas ESG. A tendência passiva realça-se ainda mais com a entrada da Xtrackers (da DWS) entre as 50 primeiras, com a gama de ETF setoriais e temáticos da empresa a revelar-se popular entre os selecionadores de fundos”, acrescenta.
Posição | Gestora | Variação |
1 | BlackRock | - |
2 | J.P. Morgan AM | - |
3 | Fidelity | - |
4 | Pictet AM | - |
5 | Amundi | - |
6 | iShares (BlackRock) | 2 |
7 | Robeco | -1 |
8 | Schroders | -1 |
9 | Vanguard | 4 |
10 | PIMCO | 2 |
As cinco primeiras marcas a nível mundial, lideradas pela BlackRock, são gigantes do setor, tanto em termos de ativos geridos como de escala operacional. Embora as cinco primeiras posições se mantenham intactas desde o ano passado, há movimentos significativos nas dez primeiras. No resto da lista das primeiras 50, as empresas preferidas dos selecionadores englobam toda a gama, desde especialistas em produtos de nicho e mercados locais até aos principais fornecedores integrais.
ESG continua a ser uma consideração importante, mas…
Outro título de notícia que o relatório nos deixa com dados do ano passado é que 2023 foi um mau ano para o ESG na Europa. Os problemas de transparência, os maus resultados, as pressões normativas e as questões de segurança energética agravaram a situação. As saídas de fundos de investimento responsável, a preocupação com o greenwashing e a reclassificação de muitos produtos artigo 9.º foram fatores agravantes, e muitos na indústria perguntam-se se o ESG alcançou um ponto de inflexão.
No entanto, as entrevistas da Broadridge com selecionadores de fundos sugerem que isto pode ser um exagero, visto que o ESG continua a ser uma consideração importante na tomada de decisões de investimento. “Mas é inegável que as entidades estão mais cépticas e submetem as credenciais dos gestores de ativos a um maior escrutínio para validar a boa-fé de uma empresa em matéria ESG”, sublinham. Para facilitá-lo, os selecionadores vão precisar de um vocabulário mais normalizado em torno do ESG, bem como uma melhor comunicação sobre as posições e o compromisso das carteiras.
Dito isto, a realidade é que as marcas de gestoras fortemente associadas ao investimento ESG, como a Robeco, Liontrust, Nordea AM e Pictet AM, viram a sua pontuação de marca cair em 2023, o que pode indicar que as caraterísticas de sustentabilidade são menos diferenciadoras neste clima mais cético. Foi proposta uma maior regulamentação como solução, mas as entrevistas realizadas pela Broadridge a selecionadores de fundos sugerem que isto poderá significar mais um obstáculo do que uma ajuda para a causa ESG.
Não obstante, embora as convicções ESG possam não ser o fator de mudança que foram na sua altura, vale destacar que 50% das primeiras marcas obtêm uma pontuação elevada neste âmbito. A Amundi, em particular, foi elogiada pela sua gama de investimentos sustentáveis, inclusive a sua oferta de ETF climaticamente neutros.
Outras tendências destacáveis
A expansão no espaço dos mercados privados é um diferencial emergente. A reputação da Schroders nos crescentes espaços de mercados privados e obrigações mitigou as críticas às comissões da empresa e permitiu a gestora limitar os danos causados à sua marca.
As obrigações foram um dos poucos pontos positivos num panorama sombrio, visto que os investidores avessos ao risco procuravam retornos garantidos. A força da PIMCO nas obrigações ajudou-os a recuperar uma posição entre as dez primeiras.
O clima europeu, relativamente à aversão ao risco, favoreceu os especialistas passivos. Em muitos casos, tal foi à custa dos especialistas ativos, embora os ETF ativos sejam um nicho em crescimento, que representam aproximadamente 5% da entrada total de ETF na Europa em 2023.