Rentabilidade dos fundos de pensões nacionais: o que afectou a performance em 2014?

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Palllew, Flickr, Creative Commons

Num artigo publicado recentemente pela Investment & Pensions Europe (IPE) são citados alguns dados compilados pela Towers Watson, relativamente aos fundos de pensões portugueses.

Começam por referir que o retorno médio do investimento feito pelos fundos de pensões profissionais em Portugal em 2014 foi de 1.6%, enquanto que em 2013 tinha rondado os 5,9%, ao passo que um ano antes se situava nos 6,3%. Os dados da Towers Watson indicam ainda que individualmente o retorno mais elevado foi de 18% e o mais baixo de -10,1%, enquanto a mediana se situou nos 4,2%. Saliente-se que os números foram, segundo relata o artigo, extraídos de uma amostra de 150 fundos de pensões com um total de 11,8 mil milhões de euros sob gestão, o que representa 90% do mercado local.

As razões para retorno médio do investimento ter caído

Gaudêncio Guedes, senior investment analyst na Towers Watson, é citado pela IPE, dando conta das razões que podem estar por detrás destes resultados na performance dos fundos de pensões. O profissional refere que “o baixo retorno médio ponderado reflete a fraca performance do maior fundo de pensões no mercado”, atribuindo esse pior desempenho “parcialmente à sobre-exposição a ações da zona euro, no que diz respeito ao segmento de alocação a ações”.

Na opinião do especialista as ações da zona euro tiveram um comportamento fraco em 2014, enquanto que as obrigações soberanas da zona euro bateram qualquer previsão, “principalmente nos países periféricos”.

Alocação no final de dezembro de 2014

O artigo do IPE fala ainda da composição dos fundos de pensões nacionais no final de 2014. Referem que por esta altura as obrigações da zona euro compunham cerca de 36% das carteiras, face aos 40% de final de agosto de 2013. Ao nível do investimento em bolsa, destacam que no final do ano passado as ações portugueses perfaziam 7% das carteiras, as ações da zona euro 8%, enquanto as ações globais pesavam 8% nos portfólios. A este nível, dizem, as alocações mantiveram-se semelhantes a 2013.

Segundo se pode ler na informação da IPE, outro dos factores que pode ter potenciado uma pior performance dos fundos de pensões foi a elevada alocação a real estate (diretamente 11% e indiretamente 6%), e ainda cash (19%). Gaudêncio Guedes indica que “tanto em 2014 como em 2013, se consegue identificar uma tendência que dá conta da preferência dos gestores por terem em carteira uma grande predominância de ambas as classes de ativos, o que fez com que os retornos caíssem”.