Ricardo Líbano (Janus Henderson): “Existe agora um compromisso inequívoco e um objetivo claro de crescimento, baseado na proximidade com os clientes portugueses”

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Ricardo Líbano. Créditos: Cedida

Desde 2022 que a Janus Henderson Investors tem uma ligação mais próxima ao mercado português. Nesse ano, Ricardo Líbano assumiu a posição de agente vinculado da entidade gestora internacional, estando ao serviço do mercado de gestão de ativos nacional. Naturalmente, e como confirmado recentemente por Ricardo Líbano à FundsPeople, “existe agora um compromisso inequívoco e um objetivo claro de crescimento baseado na proximidade com os clientes portugueses”, começa por dizer em entrevista.

Para a estratégia em Portugal há três pressupostos já muito bem definidos. “A retenção e crescimento do negócio e da nossa base de clientes, ampliação das nossas valências enquanto sociedade gestora, e diversificação em áreas onde nos reconhecem essa capacidade”, enumera o profissional. Para Ricardo Líbano, o foco é sem dúvida um crescimento sustentável e a construção de parcerias estratégias e duradouras com os clientes portugueses.

10% dos ativos ibéricos são nacionais

Nas contas da entidade, o mercado português representa cerca de 10% dos ativos que a gestora gere na Península Ibérica. Uma proporção que, no entender do profissional e da própria entidade, tem espaço para se incrementar. Apontando o “potencial que o mercado oferece” e a “adequação dos produtos oferecidos”, está convencido de que “a percentagem referida tem um forte potencial de crescimento”.

Atualmente, Ricardo Líbano considera que as relações que mantém no mercado português são já muito próximas e consistentes com bancos, sociedades gestoras de fundos, sociedades gestoras de patrimónios e com as sociedades de consultoria para investimento. Por outro lado, no futuro, espera “cimentar a relação com fundações, consultores financeiros, family offices e seguradoras”, segmentos que acredita serem promissores em termos de crescimento.

Agora inserido numa entidade de cariz internacional, Ricardo Líbano apenas vê diferenças significativas na dimensão, quando compara o mercado português com o espanhol. Apelida o mercado português de “tão sofisticado e exigente como o espanhol”, acabando o primeiro por aceder de forma idêntica “à ampla oferta de soluções de investimento disponíveis no mercado espanhol”. Esse facto, justifica-o com a “postura historicamente proativa dos profissionais de investimento portugueses na procura e acesso a todos os produtos e serviços disponíveis a nível global”. Marginalmente, assinala uma nuance, provavelmente causada pelas diferenças fiscais entre os dois países. “Observamos uma maior procura por classes de distribuição no mercado português em comparação com os nossos vizinhos espanhóis”, atesta.

Os selecionadores e alocadores nacionais em 2023

O ano passado não foi fácil para quem tem a tarefa de apresentar opções de investimento, e 2023 pode dizer-se que não foi melhor. Ricardo Líbano salienta que “o contexto atual de mercado está a ser marcado pela incerteza económica e consequente subida dos níveis de volatilidade, fatores que têm inequivocamente condicionado a atuação e postura dos investidores”.

Com a mudança de paradigma referente ao cenário de inflação, os níveis de taxas de juro e as decisões e orientação da política monetária, o profissional assistiu à alteração de alocação por parte de muitos investidores. Aumentaram a exposição a risco de crédito e risco de taxa de juro e, logo no início de 2023, começaram a sentir “o crescente interesse dos selecionadores portugueses em fundos de obrigações, com um foco principal no segmento de investment grade”. A procura por produtos de maturidade fixa ganhou tração, devido ao inevitável debate sobre “o potencial ponto de inflexão do ciclo de subida de taxas e o interesse instalado em capitalizar o rendimento oferecido nos mercados de dívida”. “A Janus Henderson foi ao encontro do apetite dos clientes portugueses neste segmento, oferecendo soluções enquadradas à procura”, recorda o responsável.

Outra das tendências denotadas por Ricardo Líbano tem que ver com os fundos temáticos e setoriais. São cada vez mais procurados, diz, para “explorar segmentos específicos que têm sido alvo do interesse dos investidores”. Aponta o caso “das áreas que beneficiam do rápido desenvolvimento da inteligência artificial, a aceleração da inovação no setor da saúde e a crescente sensibilidade a estratégias que exploram as dinâmicas das temáticas associadas a ESG”.

Paralelamente, o profissional denota ainda que os selecionadores nacionais e responsáveis de alocação têm favorecido “o interesse na gestão ativa focada na seleção criteriosa de ativos e estratégias flexíveis”, visando corresponder à preocupação que apresentam em manter as suas carteiras diversificadas. Ainda neste tema, recorda uma consequência da instabilidade que afetou o setor bancário no primeiro trimestre de 2023. Reavivou-se, na sua opinião, “a importância do trabalho desenvolvido pelos selecionadores, no escrutínio das estratégias e fundos mais consistentes, que justificam as suas escolhas em universos muito preenchidos”.

Muitos clientes nacionais alinhados com o ESG

Um ponto de fortalecimento da oferta, em 2023, recaiu na gama ESG da casa. Estão, por exemplo, “prestes a converter mais oito fundos em artigo 8º até ao final de 2023”, o que, feitas as contas, significará para os investidores portugueses, um “universo de 28 fundos artigo 8º e três fundos artigo 9º disponíveis”. Do seu contacto com o mercado nacional, Ricardo Líbano observa que existem muitos clientes “alinhados com os objetivos financeiros traçados nos seus investimentos, que procuram também resultados ambientais e sociais”. Para ir ao encontro destas expetativas, a Janus Henderson Investors continua a desenvolver o leque de fundos JHI Brighter Future, “que procuram gerar retornos superiores, produzindo também resultados ambientais e sociais alinhados com temas de sustentabilidade de longo prazo”.

Precisamente um dos desafios que o profissional aponta nas suas funções, tem que ver com as necessidades e preferências dos investidores institucionais estarem em constante mudança, especialmente no que diz respeito aos critérios ESG, às expetativas de desempenho e à gestão de riscos. “Ajustar as ofertas da Janus Henderson para atender a essas mudanças é o nosso trabalho diário e aquilo que nos motiva todas as manhãs”, conclui.