Riscos a ter em conta antes de se deixar seduzir por um temático

Créditos: Sharon McCutcheon (Unsplash)

O racional por detrás do boom dos temáticos é claro: contam uma grande história e a tese é a longo prazo, pelo que justifica não se preocupar com a volatilidade a curto prazo. A receita comercial perfeita para enfrentar uma crise histórica como a que decorre da pandemia. Assim, os fundos temáticos tocam os 600.000 milhões de dólares em ativos sob gestão em todo o mundo.  Um valor que responde principalmente aos investidores europeus.

A pandemia impulsionou o investimento temático

E isto viu-se em apenas três anos. Os fluxos só acordaram quando a pandemia rebentou, no segundo trimestre de 2020. Mas desde então, a tendência é imparável.

Os clientes pedem e as gestoras respondem. De acordo com dados da Morningstar, em 2020 foram lançados 250 fundos classificados como temáticos. Mas nos primeiros três trimestres de 2021 este número foi ultrapassado com 360 lançamentos.  A popularidade está a crescer.

Que uma boa história não ensombre as suas decisões de investimento

Mas, como em qualquer investimento, não devemos esquecer os riscos. E no caso dos temáticos, ainda são fundos de ações. De facto, como referiu José Zárate, diretor associado de estratégias passivas da Morningstar, os investidores temáticos estão a apostar em três premissas em simultâneo:

  1. Que a temática seja duradoura
  2. Que o gestor escolherá as ações certas
  3. Que tais ações serão compradas com uma avaliação atrativa

A probabilidade de ganhar a longo prazo é reduzida

E qual é a probabilidade de consegui-lo? A longo prazo, é baixa. O gráfico fornecido por Zárate é indiscutível. A longo prazo, a probabilidade de ganhar com um temático é reduzida.  Sim, no primeiro ano há alegrias. Quase 70% superaram os índices tradicionais. Mas em três essa probabilidade cai para quase 50%. Mas, a partir do ano 10 toca nos 20%. E, por sua vez, aqueles que não superam o mercado são fechados e liquidados.

Risco de saturação?

Outro risco que os investidores podem não contemplar dos temas: os vieses. De acordo com a análise da Morningstar, os temas tendem a investir em small e micro caps.  Especialmente nos EUA e no Canadá, a exposição média às micro caps é superior à oferecida pelos não temáticos.

Os fundos temáticos tendem a investir em micro e small caps

Além disso, tendem a investir nas mesmas empresas entre si.  Juntam-se ambas as tendências e o risco de iliquidez surge. O gráfico que se segue mostra o caso do mercado norte-americano. Há empresas em que os temáticos cobrem quase 40% do free float.

Tendência a investir nas mesmas empresas