Seguradoras: em que classe de ativos planeiam investir mais a partir de agora?

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Créditos: Diana Polekhina (Unsplash)

A Goldman Sachs Asset Management divulgou os resultados da sua décima segunda Insurance Survey 2023, intitulada Balancing With Yield On The Inflationary Tightrope. O estudo reúne as opiniões de 343 responsáveis de investimentos e diretores financeiros de seguradoras em todo o mundo, com um balanço total de 13 biliões de dólares em ativos sob gestão.

As respostas, recolhidas entre 1 e 17 de fevereiro deste ano, mostram que, em contraste com 2022, 28% das seguradoras planeiam aumentar significativamente os prazos mais longos, em linha com o mercado, que reflete os cortes de taxas após um ano de aumentos intensos. Um potencial renascimento das obrigações está a acontecer, com 34% das seguradoras a planear aumentar a sua alocação em empresas americanas invesment grade até 2023. Ao contrário dos anos anteriores, as seguradoras citam a deterioração da qualidade do crédito como o principal risco de investimento (39%).

Embora as seguradoras prevejam uma deterioração na qualidade do crédito e uma recessão nos EUA, estão cada vez mais inclinadas para as obrigações e procuram aumentar a duração e o risco do crédito. Pela primeira vez, o aumento das oportunidades no ambiente atual parece ser o fator mais importante que impulsiona as decisões de alocação de ativos (68%), quase o triplo daqueles que dizem estar a reduzir o risco devido a preocupações com perdas de capital ou crédito (25%).

Visão macro

As esperanças de uma inflação transitória estão a diminuir, com 81% das seguradoras a acreditarem que a inflação se manterá a médio (2-5 anos) ou a longo prazo (5-10 anos). Além disso, citam a desglobalização (44%) como o principal fator de aumento estrutural da inflação, seguida pelos choques energéticos (33%).

“Com a inflação alta, o aumento das tensões geopolíticas e os efeitos do endurecimento da política monetária, as seguradoras estão a procurar tirar proveito dos aumentos de taxas enquanto gerem o seu risco de mercado", afirma Matt Armas, responsável global de Gestão de Ativos de Seguros da Goldman Sachs AM. Como mostram os resultados do estudo, o caminho para a recuperação da performance é feito com um equilíbrio entre a duração e as oportunidades de crédito de alta qualidade.

A maioria das seguradoras (82%) acredita que haverá uma recessão económica nos EUA nos próximos três anos. As opiniões mantêm-se desde o inquérito de 2022, na qual 65% dos entrevistados disseram acreditar que uma recessão económica vai ocorrer nos próximos três anos. Apesar do risco de recessão e do aumento das tensões geopolíticas, 29% dos investidores globais planeiam aumentar o risco global de investimento na sua carteira.

Ativos privados e sustentabilidade

O inquérito revela que mais da metade das seguradoras globais (51%) planeia aumentar a sua alocação a ativos privados nos próximos 12 meses. Entre todas as classes de ativos, a dívida das empresas privadas aparece como a preferida, com 41%; 29% pretendem destinar mais a private equity e 28% querem ponderam aumentar a sua alocação a ações e dívida de infraestruturas.

Os fatores ambientais, sociais e de governance (ESG) permanecem na linha da frente das considerações de carteira, com 90% dos inquiridos a terem estes aspetos em conta ao longo do seu processo de investimento.

Metodologia

O estudo da Goldman Sachs sobre gestão de ativos no setor de seguros fornece informações valiosas de diretores de investimento (CIO) e diretores financeiros (CFO) sobre o ambiente macroeconómico, decisões de alocação de ativos, expectativas de rentabilidade, construção de portefólios e capitalização setorial.

No estudo são analisadas as respostas de 343 CIO e CFO, representando mais de 13 biliões de dólares em ativos, representando cerca de metade da indústria global de seguros. As empresas participantes representam uma ampla secção transversal do setor em termos de dimensão, linhas de negócio e geografia. O inquérito foi realizado durante as duas primeiras semanas de fevereiro.