“O rally das Sete Magníficas não tem sido tanto uma expansão de múltiplos, mas sim o preço das ações a acompanhar a trajetória dos lucros”, defende James Chen, gestor do Allianz Global Artificial Intelligence.
Se 2023 foi o ano de máxima expetativa para o potencial da Inteligência Artificial generativa, o ano de 2024 é o momento de as empresas demonstrarem que vão realmente ser capazes de transformar as suas promessas em lucros empresariais. E, na opinião de James Chen, gestor do Allianz Global Artificial Intelligence, que conta com Rating FundsPeople 2024, os primeiros resultados que vão saindo do quarto trimestre do ano passado parecem promissores.
Com cinco das Sete Magníficas em carteira, 25% do fundo, James Chen experienciou em primeira mão o debate interno entre valorizar o potencial a longo prazo destes negócios e as subidas tão pronunciadas e rápidas destas empresas no ano passado. Neste ano e no anterior, a equipa gestora geriu ativamente a sua posição nestes nomes tão queridos pelo mercado no ano passado, cortando taticamente a posição.
No entanto, continuam a confiar no argumento a longo prazo de empresas como a NVIDIA, Tesla, Amazon, Meta e Microsoft, que continuam entre as suas principais posições. Mesmo depois de um 2023 extraordinário, quando ajudaram o fundo a acabar entre os mais rentáveis do ano, com uma revalorização superior a 40%. “É onde está o crescimento”, insiste. E para o gestor, na sua tese, os fundamentais pesam mais do que os movimentos a curto prazo das valorizações.
As Sete Magníficas dominam o crescimento
Para fundamentar o seu argumento: as estimativas de crescimento de lucros do consenso dos analistas para 2024 e 2025 para as Sete Magníficas é mais forte do que a média do mercado. Estamos a falar de uma média anual de 20% das Sete Magníficas face aos 10% do S&P 500. “O rally das Sete Magníficas não foi tanto uma expansão de múltiplos, mas sim o preço das ações a acompanhar a trajetória dos lucros”, reforça.
E como comentava o gestor, no momento de mostrar que serão capazes de converter as ilusões dos investidores em lucros reais, os grandes nomes estão a cumprir a promessa. Um bom exemplo é a Microsoft. A empresa tinha estagnado com a implementação do seu software Office. Com 400 milhões de utilizadores a nível mundial, a curva de crescimento começava a nivelar. Mas com o lançamento da sua ferramenta baseada na IA generativa, a Copilot, a empresa abriu a porta a um novo vento favorável. Um serviço que custa 30 euros por mês já se está a tornar um novo motor para os lucros da empresa.
Além disso, apesar das fortes subidas do ano passado, o gestor defende que nos encontramos apenas na primeira fase da revolução da IA e do seu impacto no mercado. “No ano passado, os orçamentos de investimento em tecnologia das empresas em geral tinham baixado em comparação com 2022. Ao longo de 2023, começaram a subir, e, em 2024, a previsão de capex (despesa de capital) dedicado a temas como a IA subiu 25%”, afirma o gestor.
IA fase 2: para além do setor tecnológico
Dado que a maioria do crescimento relacionado com a Inteligência Artificial está a ocorrer em empresas tecnológicas, não é de estranhar que o setor com mais peso, no início do ano, no Allianz Global Artificial Intelligence, seja o tecnológico. Com 61% da carteira, a sua representação move-se no intervalo alto do histórico do fundo. As cinco magníficas acumulam 25%.
Desta forma, uma questão fundamental que James Chen também prevê é que esse domínio de alguns nomes pode começar a mudar neste mesmo ano. De facto, o gestor prevê que a profundidade das subidas aumente em 2024 e que a confiança dos investidores se expanda para outros nomes, setores e indústrias. Por isso, no Allianz Global Artificial Intelligence, um dos focos da carteira são também as indústrias impulsionadas pela IA. Ou seja, empresas para além do setor tecnológico que se alavancam na Inteligência Artificial para impulsionar o seu negócio.
Outro setor no radar de James é o da saúde, onde há avanços promissores na utilização da IA para acelerar o processo de desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos. A AstraZeneca, uma das empresas na sua carteira, já é capaz de utilizar a IA para reduzir em 50% o tempo médio da fase pré-clínica dos seus estudos.