Nuno José Oliveira, responsável pela área de Produtos de Recursos Fora de Balanço e Serviços de Investimento, no Bankinter Portugal, fala da evolução das necessidades e perspetivas dos clientes de retalho em relação à poupança e ao aconselhamento financeiro.
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Millennials e Gen Z já começam a revolucionar ligeiramente a oferta dos bancos: têm necessidades específicas e vontades que as gerações anteriores não tinham e, por isso, querem também um catálogo de produto que seja adequado às suas necessidades. O cliente está também mais exigente: mais e melhor informação são fundamentais. Em entrevista, Nuno José Oliveira, responsável pela área de Produtos de Recursos Fora de Balanço e Serviços de Investimento, no Bankinter Portugal, fala da evolução das necessidades e perspetivas dos clientes de retalho em relação à poupança e ao aconselhamento financenceiro e do que ainda pode ser feito ao nível da regulação.
Como estão a mudar as necessidades de poupança dos clientes e a sua atitude em relação ao aconselhamento financeiro?
Estão a evoluir, em particular nas novas gerações, que têm necessidades cada vez mais específicas e perspetivas diferentes: procuram mais e melhor informação que sustente as suas decisões de investimento apoiadas no aconselhamento do seu gestor e, ao mesmo tempo, procuram cada vez mais soluções digitais, simples, convenientes, acessíveis de forma rápida e em qualquer lugar onde se encontrem. Todos estes têm sido aspetos que o Bankinter tem procurado fomentar na sua relação com os seus clientes, em particular das gerações mais novas.
Outro dos temas com importância crescente é a sustentabilidade (ESG) quanto à preferência dos investidores, que constitui também um dos pilares da proposta de valor do Bankinter e que é algo que começa a ser procurado pelas novas gerações e clientes já investidores, ainda que de uma forma lenta, mas sustentada. Temos investido na incorporação destas preocupações através do aumento da oferta de soluções de investimento sustentáveis, em particular de fundos de investimento para cobrir esta procura.
Quais são as principais necessidades dos clientes de retalho atualmente?
Nos nossos clientes de retalho, em particular nos segmentos affluent e de private banking, identificamos várias necessidades. Por um lado, a sustentabilidade. Existe uma maior consciencialização e preferência por soluções que incorporem temas relacionados com a sustentabilidade. A informação financeira também é uma das necessidades. O acesso a informação de qualidade, de forma regular e com mensagens simples, num mundo complexo, repleto de informação contraditória, é um aspeto cada vez mais fundamental para o cliente de retalho, a par da diversificação de acordo com o perfil de investimento do cliente e numa perspetiva de médio/longo prazo.
Outro tema prende-se com a transparência, já que os clientes estão cada vez mais atentos aos custos como fator diferenciador na escolha das diferentes soluções e como elemento importante na rentabilidade no médio/longo prazo. Por fim, destaco mais três pontos: personalização, acessibilidade e conveniência. O cliente tem as suas circunstâncias específicas (conhecimentos e experiência, situação financeira, preferências e objetivos de investimento), pelo que o Bankinter procura construir carteiras ajustadas a esta realidade única de cada um. Tentamos também providenciar acesso à informação e à gestão do seu património financeiro de uma forma simples, rápida e intuitiva.
Como podem os fornecedores de fundos de investimento apoiar as redes de aconselhamento na resposta efetiva às suas necessidades?
O apoio dos fornecedores de fundos de investimento é fundamental e decisivo em vários aspetos. Primeiramente, destaco a adaptação da oferta às necessidades dos clientes, mas também o expertise. Têm de providenciar qualidade na gestão e na informação transmitida aos distribuidores e clientes, bem como estar próximos e acompanhar as necessidades dos mesmos. Por outro lado, os materiais de suporte à venda e de acompanhamento das soluções que disponibilizam são peças fundamentais para um melhor entendimento da evolução de performance das soluções que gerem e, desde logo, gerar a confiança dos investidores. Por fim, de salientar ainda o papel que desempenham na procura de soluções geradoras de valor para os clientes, numa perspetiva de médio/longo prazo.
A RIS (Retail Investment Strategy) pretende reforçar a participação dos investidores de retalho nos mercados de capitais europeus, mas existem críticas. O regulador poderia tomar mais medidas para incentivar a participação dos investidores de retalho neste setor ou a regulação atual é suficiente?
A regulação na União Europeia tem-se intensificado desde a MiFID I, com o propósito meritório de proteção do pequeno investidor numa relação assimétrica entre este e os fornecedores de produtos e serviços de investimento. No curto prazo, vemos como fundamental que haja um level playing field para os investidores e intermediários financeiros, mas também a padronização da informação recolhida do investidor. Achamos também essencial que haja a simplificação da informação prestada, bem como incentivos fiscais para os investimentos de longo prazo nos mercados de capitais (o exemplo da realidade espanhola no que ao investimento de fundos de investimento diz respeito é um excelente benchmark). Seria ainda importante que se desenvolvesse a adaptação da regulação aos novos processos digitais e automatizados.
O regulamento vai introduzir novos requisitos para a indústria e que devem ser incorporados, tais como a melhoria da transparência da informação prestada aos clientes ao nível dos PRIPS, o assegurar de que os produtos de investimento oferecem um correto value for money para o investidor, a melhoria na qualidade do serviço de aconselhamento prestado aos clientes, e ainda assegurará um maior nível de transparência dos materiais de marketing disponibilizados aos clientes nos canais digitais.