Tim Rainsford (CEO da Generali Investments Partners): “Mercados privados e fundos líquidos. Vejo potencial para crescer em ambos”

Tim Rainsford. Créditos: Cedida (Generali IP)

Passaram quatro anos desde que a Generali decidiu mudar a maré na estratégia do seu negócio de gestão de ativos. Quatro anos desde que optou por uma estrutura multigestão como modelo de negócio numa indústria cada vez mais competitiva. E o saldo, na opinião de Tim Rainsford, é positivo.  Uma startup com esteroides. É a curiosa metáfora com que o CEO da Generali Investments Partners descreve o poderoso crescimento da entidade neste tempo.

Desde 2017, o ecossistema da gestora cresceu para abranger nove entidades diferentes, com um número total de estratégias de investimento a atingir agora 45 em todas as classes de ativos, contra 14 em 2017. Os ativos sob gestão ascenderam a 580 mil milhões de euros no final de 2021. Rainsford defende o valor de um modelo multi-boutique face a uma integração completa. De acordo com os seus estudos de mercado, as marcas boutique são vistas como ágeis e empreendedoras. E é um espírito que a Generali IP procura preservar.

Um primeiro ponto que esclarece é que não se trata de uma operação ao estilo do capital de risco. “A nossa visão é adquirir para desenvolver”, diz. “O nosso objetivo é identificar gestoras líderes talentosas para alocar capital estratégico, mas deixando-lhes autonomia, não sufocando a sua inovação”. Qualidades que o gestor encontra tanto no mercado tradicional de fundos líquidos como nos mercados privados. “Espero ver crescimento em ambos os segmentos”, diz Rainsford.

Apetite institucional por ilíquidos

Dito isto, o CEO reconhece os tailwinds que estão a levar muitas gestoras a entrar nos mercados privados. “Vemos um apetite significativo de seguradoras e outros clientes institucionais por estratégias ilíquidas”, deteta. A própria Generali IP tem uma poderosa oferta em segmentos como imobiliário e infraestruturas, canalizados através da Generali Real Estate ou da Generali Global Infrastructure. “Mas para nós não é uma nova divisão. Já estávamos a operar nos mercados privados, só agora estamos a abrir o nosso leque de soluções para permitir que os nossos clientes invistam nos nossos fundos ou coinvistam de mãos dadas connosco. Temos a capacidade e a escala para sermos players poderosos neste espaço”, defende.  

Isto não significa, insiste, que não vejam espaço para crescer noutros segmentos mais tradicionais. E o que procuram? “Não saímos com uma lista de compras na mão ou uma ideia clara dos novos fundos que queremos lançar. Sentamo-nos com muitas gestoras e procuramos entidades que possam trazer algo novo para a nossa prateleira existente", explica. Se tivesse de citar em que segmentos considera a Generali menos forte, mencionaria ações emergentes ou mortgage-backed securities (MBS).

Objetivo: novos mercados

E o crescimento para Rainsford não é medido apenas pela aquisição de novas gestoras. Uma segunda etapa do seu plano estratégico é a expansão internacional. Já tinham um negócio consolidado em Itália e em França. Procuram agora crescer em novas regiões, como a Alemanha, a Áustria e a Espanha e estabeleceram sucursais em Frankfurt e Madrid. Receberam recentemente a aprovação da criação de uma filial na Suíça. Para isso, a presença local é essencial, na sua visão. É um sinal do seu compromisso com estes novos mercados. A equipa ibérica é liderada há um ano por Almudena Mendaza e foi recentemente complementada com a contratação de Juan Pita da Veiga.

A Generali IP também está a olhar para fora da Europa. Planeiam criar um negócio de distribuição na Ásia e um braço institucional no Reino Unido com foco em soluções ilíquidas em primeiro lugar.

A terceira parte da estratégia é o compromisso com a tecnologia. Como o Rainsford nos disse numa entrevista anterior, é uma das suas prioridades. De vários ângulos. Para o CEO, é uma área crucial para competir no mercado de hoje. A tecnologia está a ser integrada em toda a cadeia de produção da indústria. Desde a utilização da análise de dados em carteiras, passando pela distribuição ou o onboarding de clientes.