Travis Spence (J.P. Morgan AM): “A indústria de ETF duplica o seu tamanho a cada cinco anos. Em 2027 estará à volta dos 20 biliões”

Travis Spence. Créditos: FundsPeople

A indústria de ETF continuará a crescer. Segundo Travis Spence, há três fatores que vão impulsionar o uso destes veículos: a adoção global do veículo ETF nas carteiras dos investidores; o facto de os ETF ativos virem a desempenhar um papel muito mais importante no futuro e o maior uso dos fundos cotados para investir em obrigações. “Nos últimos 20 anos, a indústria de ETF cresceu a uma taxa anual de cerca de 25%, o que significa que mais que duplicou o seu tamanho a cada cinco anos”, afirma.

É um dado que o responsável de Distribuição de ETF para a Europa na J.P. Morgan Asset Management salientou numa mesa redonda organizada pela FundsPeople no âmbito do evento O Futuro dos ETF, que também contou com a participação de Antoine Lesné, responsável de Estratégia na State Street; Stefan Kuhn, responsável de Distribuição de ETF para a Europa na Fidelity International; e Guido Stucchi, responsável de clientes de ETF e Produtos Indexados na BNP Paribas AM.

“Atualmente, a indústria de ETF gere, a nível global, 11 biliões de dólares. Cerca de sete estão nos Estados Unidos. Os outros quatro estão divididos igualmente entre os que são formato UCITS e o resto do mundo. Se tomarmos isto como referência para os próximos cinco anos, acreditamos que, devido à crescente adoção do veículo graças aos benefícios que traz, como a transparência e a facilidade de negociação, os ativos continuarão a duplicar a cada cinco anos. Em 2027 estará à volta dos 20 biliões”, prevê.

Travis Spence não tem dúvidas de que a indústria de ETF irá continuar a crescer. E, na sua opinião, isso acontecerá fortemente na parte dos ETF de gestão ativa, produtos que nos EUA estão a descolar mais rapidamente. “No final do ano passado representavam cerca de 5% da indústria. No entanto, captaram cerca de 15% dos fluxos líquidos em 2022”. Este ano a tendência acelerou. “Atualmente, já representam cerca de 6% dos ativos nos EUA. Mas agora, esses 6% estão a receber 33% dos fluxos líquidos”, destaca.

Na Europa, o especialista reconhece que o desenvolvimento dos ETF ativos está a ser mais lento. “Atualmente, os veículos em formato UCITS representam apenas 2% do total dos ativos da indústria. No entanto, este ano estão a absorver 6% das entradas líquidas”, assinala o responsável de Distribuição de ETF para a Europa na J.P. Morgan AM. O seu otimismo sobre o futuro crescimento dos ETF ativos também se baseia no facto de os clientes lhe dizerem que vão recorrer cada vez mais a estes veículos.

A este respeito, comenta os resultados de um inquérito realizado pela gestora em conjunto com a TrackInsight, no qual foram inquiridos 500 investidores de todo o mundo, mais de metade fora dos EUA. “70% afirmou que já utilizava ETF ativos. Na Europa, 60% já o faz, enquanto 44% afirma que os irão utilizar nos próximos dois anos. Para isso contribuirá o facto das obrigações estarem de volta. Este ativo oferece novamente um cupão e vai ser um segmento muito importante para o futuro desenvolvimento dos ETF ativos”

Outro foco de crescimento será a sustentabilidade. “O ETF oferece simplicidade e transparência, algo fundamental na hora de investir com critérios ESG. Uma abordagem ativa da análise, que nos facilita a avaliação da capacidade das empresas para realizarem a transição, permite-nos assegurar que podemos escolher dentro desse próprio quadro técnico as empresas que vão atingir uma redução de 30% das suas emissões, o que significa uma redução de 7% ano após ano para obter esse resultado através de uma solução indexada”.

No domínio da sustentabilidade, existe, um elevado potencial risco de greenwashing. “Os analistas devem analisar e rever cada emissão para se certificarem de que a empresa utiliza a obrigação com o propósito correto. O índice que segue pode não ser Artigo 9º, mas o ETF sim, precisamente devido a essa análise própria que é aplicada”. Travis Spence considera que a sua entidade está muito bem posicionada para enfrentar o novo cenário que se está a abrir na indústria dos fundos cotados. “Somos a gestora de ETF ativos que está a receber mais fluxos líquidos este ano, tanto nos EUA como na Europa”, conclui.