Três conselhos para não perder o rumo e focar-se no longo prazo

Natasha Brooks-Walters
Natasha Brooks-Walters. Créditos: Cedida (Wellington Management)

O verão é um bom momento para rever as carteiras. No entanto, qualquer decisão deve ser precedida de uma boa análise do contexto de mercado. A Wellington Management considera que há razões para pensar que tanto o mercado como o ciclo entraram num período de intensa volatilidade, com significativas disparidades entre regiões. “Em contextos de volatilidade, pode ser difícil para os detentores de ativos resistir aos seus instintos a curto prazo, mas pensamos que é importante manter uma orientação para o futuro e posicionar as carteiras para que possam tirar partido das oportunidades estruturais nos mercados”, explica Natasha Brooks-Walters, codiretora de Estratégia de Investimento na entidade. A especialista dá três conselhos para se concentrar no longo prazo. 

Paciência com os gestores compensa

Segundo uma investigação recente da equipa da Wellington Management, prestar atenção aos resultados dos gestores a curto prazo tem um efeito prejudicial sobre a rentabilidade. “De facto, no caminho para alcançar os resultados do quartil superior, e mesmo do decil superior, até os melhores gestores ativos passam por longos períodos de maus resultados relativos. Por isso, ao tirar partido da sólida capacidade de análise dos gestores, os detentores de ativos com uma estratégia disciplinada a longo prazo podem estar melhor posicionados para colher os ganhos que apresentam os melhores resultados relativos”, afirma. 

Os investimentos temáticos podem reduzir a exposição ao ciclo

Neste novo regime mais volátil, Natasha Brooks-Walters considera que os investidores podem orientar as suas carteiras para o longo prazo, apostando na mudança estrutural que impulsiona os mercados. “Os investimentos temáticos são, por definição, a longo prazo e prospetivos, pelo que podem contribuir para reduzir o efeito do ciclo económico a mais curto prazo na rentabilidade das carteiras”, indica. A partir da sua análise, a equipa chegou à conclusão de que, em média, os temas são aproximadamente 50% menos sensíveis ao ciclo do que os setores

Entre eles, Natasha Brooks-Walters espera que os temas de inclusão social - como os cuidados de saúde, alimentação e educação - estejam entre os que melhor resistirão a esta maior exposição ao ciclo. “É menos provável que os bons resultados destes temas sejam afetados pela dinâmica de crescimento e inflação a curto prazo, dados os impulsos a longo alcance e o apoio político de que beneficiam”.

Considere atentamente o equilíbrio regional

De um modo geral, desde a Grande Recessão, tem sido rentável sobreponderar as ações dos Estados Unidos. No entanto, no futuro imediato, a codiretora de Estratégia de Investimento acredita que é preciso diversificar mais as exposições regionais. “Provavelmente, uma das consequências do aumento da volatilidade, da maior frequência dos ciclos e de uma inflação estruturalmente elevada será uma maior divergência entre países, uma vez que os diferentes bancos centrais e governos irão adotar posturas diferentes em vez de seguirem o exemplo dos Estados Unidos”.

Na sua opinião, os investidores devem ter em conta os mercados emergentes, apesar da sua escassa rentabilidade dos últimos anos. “Muitas carteiras reduziram a exposição à região, mas, à medida que a conjetura económica internacional se altera, temos razões para pensar que nos próximos 10 anos as ações emergentes terão um melhor desempenho devido às suas atrativas valorizações, à debilidade do dólar e às oportunidades na China. Além disso, tendo em conta a nossa investigação, as ações dos mercados emergentes são muito pouco eficientes, o que proporciona consideráveis oportunidades para a gestão ativa e permite uma exposição mais equilibrada aos motores estruturais dos mercados através do investimento temático”, conclui.