Três gráficos para entender a subida do petróleo após os ataques à Arábia Saudita

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London Commodity Markets, Flickr, Creative Commons

Durante este fim de semana os rebeldes Houthi do Iémen realizaram um ataque sincronizado com dez drones às instalações petrolíferas da Saudi Aramco em Abqaiq. Apesar de tanto a Arábia Saudita como o seu grande aliado nos EUA tentarem lançar mensagens de tranquilidade minimizando o efeito que estes ataques possam ter na produção do petróleo e, por consequência na oferta do crude, o mercado não foi tão benévolo na sua reação. Muito pelo contrário. Os futuros sobre o Brent chegaram a subir nas primeiras horas de segunda-feira na ordem dos 20%, a maior variação diária desde 1990, segundo dados que recolhe a Bloomberg, enquanto o West Texas registava um aumento de até 10% nos primeiros compassos da sessão.

Para explicar porque é que o mercado reagiu com tanto nervosismos bastam três dados. O primeiro deles é o impacto que os ataques causaram na produção total de crude da Arábia Saudita já que se calcula que frustrou a extração de 5,7 milhões de barris de crude por dia, o que é cerca de 50% da produção da Aramco e representa 5% das provisões globais. A International Energy Agency calcula que este impacto na queda da produção diária é o mais grave de entre todos os que aconteceram no último século.

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Há que ter em conta que a Arábia Saudita é o segundo maior produtor de petróleo do mundo a seguir aos EUA com 12,42 milhões de barris por dia e uma quota de mercado de 12% sobre o total, segundo os dados da International Energy Agency. E essa produção sofrerá um corte para metade após os ataques sofridos durante o fim de semana, tanto a Arábia Saudita como os EUA afirmaram que vão deitar as mãos às suas reservas para compensar este corte de produção e, portanto, o seu impacto na oferta e nos preços.

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Não obstante, segundo explica o economista Juan Ignacio Crespo no seu blog sobre mercados não é assim tão fácil que o mercado se tranquilize. “Ainda que o mercado do petróleo fique a curto prazo bem abastecido, já que tanto os EUA como a Arábia Saudita já anunciaram que vão deitar as mãos às suas reservas a própria diminuição destas fará subir o preço do crude pois isso é o que acontece cada vez que semanalmente se comunicam as variações das reservas comerciais: os preços sobem ou baixam conforme for o contraste com a expectativa criada previamente”, afirma.

Não obstante, no ranking de reservas também figura no topo a Arábia Saudita, só superada pela Venezuela, pelo que é previsível que um forte corte das mesmas e, sobretudo, um corte maior do que o mercado espera, implique um aumento no preço do petróleo pelo menos a curto prazo. E que se prolongue ou não no tempo não dependerá tanto das reservas, mas da capacidade que a Saudi Aramco demonstre para recuperar do ataque e normalizar a produção de instalações petrolíferas afetadas.

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