Durante este fim de semana os rebeldes Houthi do Iémen realizaram um ataque sincronizado com dez drones às instalações petrolíferas da Saudi Aramco em Abqaiq. Apesar de tanto a Arábia Saudita como o seu grande aliado nos EUA tentarem lançar mensagens de tranquilidade minimizando o efeito que estes ataques possam ter na produção do petróleo e, por consequência na oferta do crude, o mercado não foi tão benévolo na sua reação. Muito pelo contrário. Os futuros sobre o Brent chegaram a subir nas primeiras horas de segunda-feira na ordem dos 20%, a maior variação diária desde 1990, segundo dados que recolhe a Bloomberg, enquanto o West Texas registava um aumento de até 10% nos primeiros compassos da sessão.
Para explicar porque é que o mercado reagiu com tanto nervosismos bastam três dados. O primeiro deles é o impacto que os ataques causaram na produção total de crude da Arábia Saudita já que se calcula que frustrou a extração de 5,7 milhões de barris de crude por dia, o que é cerca de 50% da produção da Aramco e representa 5% das provisões globais. A International Energy Agency calcula que este impacto na queda da produção diária é o mais grave de entre todos os que aconteceram no último século.
Há que ter em conta que a Arábia Saudita é o segundo maior produtor de petróleo do mundo a seguir aos EUA com 12,42 milhões de barris por dia e uma quota de mercado de 12% sobre o total, segundo os dados da International Energy Agency. E essa produção sofrerá um corte para metade após os ataques sofridos durante o fim de semana, tanto a Arábia Saudita como os EUA afirmaram que vão deitar as mãos às suas reservas para compensar este corte de produção e, portanto, o seu impacto na oferta e nos preços.
Não obstante, segundo explica o economista Juan Ignacio Crespo no seu blog sobre mercados não é assim tão fácil que o mercado se tranquilize. “Ainda que o mercado do petróleo fique a curto prazo bem abastecido, já que tanto os EUA como a Arábia Saudita já anunciaram que vão deitar as mãos às suas reservas a própria diminuição destas fará subir o preço do crude pois isso é o que acontece cada vez que semanalmente se comunicam as variações das reservas comerciais: os preços sobem ou baixam conforme for o contraste com a expectativa criada previamente”, afirma.
Não obstante, no ranking de reservas também figura no topo a Arábia Saudita, só superada pela Venezuela, pelo que é previsível que um forte corte das mesmas e, sobretudo, um corte maior do que o mercado espera, implique um aumento no preço do petróleo pelo menos a curto prazo. E que se prolongue ou não no tempo não dependerá tanto das reservas, mas da capacidade que a Saudi Aramco demonstre para recuperar do ataque e normalizar a produção de instalações petrolíferas afetadas.