Três indicadores de que as pressões na cadeia de abastecimento estão a diminuir

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A pandemia deu lugar a uma série de problemas que se combinaram para criar grandes dores de cabeça às empresas dependentes das cadeias de abastecimento mundiais, que se revelaram frágeis face a uma perturbação sem precedentes. Estes problemas foram agravados pelas repercussões da obstrução do Canal de Suez em março de 2021 e pela implementação por parte da China da sua rígida política de COVID zero.

O conflito da Ucrânia voltou a colocar a situação em jogo, aumentando os custos das matérias-primas e acrescentando a necessidade de evitar juntar as sanções à lista de problemas que as empresas enfrentam. Perante estas perturbações duradouras, o aumento do protecionismo e a inflação salarial, várias empresas tomaram medidas para reimaginar e transformar as suas cadeias de abastecimento, resultando na crescente tendência de deslocalização.

No entanto, dados recentes de várias fontes-chave sugerem que, embora não estejamos totalmente fora de perigo, as coisas estão a avançar na direção correta. Assim o explica Martin Todd, gestor da Federated Hermes, para quem existem sinais encorajadores de que as cadeias de abastecimento estão a recuperar novamente. Apoia-se concretamente em três indicadores.

O Índice de Pressão da Cadeia de Abastecimento do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque

O Índice de Pressão da Cadeia de Abastecimento do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque integra os dados dos custos de transporte com os indicadores de produção, bem como as componentes relacionadas com a cadeia de abastecimento dos inquéritos do Índice de Gestores de Compras (PMI) das principais economias do mundo. Isto fornece um indicador útil do nível relativo de tensão nas cadeias de abastecimento ao longo do tempo.

“Como o gráfico ilustra, embora as pressões continuem a ser significativamente elevadas, têm geralmente vindo a diminuir desde o final de 2021”, destaca o especialista.

Federal Reserve Bank of New York Global Supply Chain Pressure Index (GSCPI), 2012-2022

Fonte: Bloomberg a 31 de julho de 2022.

Os dados do FBX Global Container Index

Outra fonte de dados onde se apoia Todd é o FBX Global Container Index, que faz parte de uma série de índices criados pela Freights e pela Baltic Exchange. Este índice acompanha o preço médio ponderado dos contentores em 12 rotas regionais. 

“O gráfico ilustra como as tarifas subiram rapidamente durante o verão de 2021, na sequência da implementação da vacina e posterior reabertura económica. Embora ainda esteja a níveis superiores aos anteriores à pandemia, diminuíram consideravelmente desde março, o que indica que o desequilíbrio entre a oferta e a procura está a começar a corrigir-se”, explica o gestor.

Índice global de contentores FBX, agosto de 2017 - maio de 2022

Fonte: Bloomberg a 7 de agosto de 2022.

Congestionamento nos portos

Outro sinal encorajador para a logística da cadeia de abastecimento é a diminuição do congestionamento nos principais portos. “No auge dos problemas, em janeiro de 2022, o atraso dos navios porta-contentores fora do porto de Los Angeles atingiu um recorde de 109 navios, com uma média de 18 a 24 dias de espera para atracar. A 29 de agosto de 2022, havia apenas oito navios na fila”.

Entretanto, no Reino Unido, a possível interrupção da cadeia de abastecimento foi notícia recentemente devido a uma grave de oito dias em Felixstowe, que trata de quase metade do tráfego dos contentores do país. “No entanto, tanto a Autoridade Portuária Britânica como a Associação Britânica de Transporte Internacional de Mercadorias minimizaram a importância de possíveis repercussões graves, assinalando uma melhoria da resistência da cadeia de abastecimento e a capacidade disponível em outros lugares”, conclui.