Sophia Ferguson, gestora deste fundo de obrigações corporativas da Goldman Sachs AM, visitou recentemente a Península Ibérica para dar a conhecer a filosofia deste produto.
O GS US Dollar Credit é um fundo da Goldman Sachs AM que procura superar o índice Bloomberg US Corporate durante um ciclo de mercado completo, investindo numa carteira de obrigações corporativas em dólares e de elevada qualidade de crédito. Historicamente, a estratégia tem-se focado em dívida investment grade, embora possa investir muito residualmente abaixo de BBB-.
“Trata-se de um fundo de gestão ativa, onde a principal fonte de valor acrescentado é a seleção de obrigações através de uma análise profunda das mesmas, combinando considerações fundamentais, mas também quantitativas. A gestão da duração é limitada e próxima do índice”, explica Sophia Ferguson à FundsPeople.
A gestora do fundo considera que é possível que a Reserva Federal dos Estados Unidos tenha alcançado o seu limite máximo de subidas, tendo em conta o recente progresso desinflacionista, o que também é consistente com o pricing do mercado. “Os dados económicos desempenharão, sem dúvida, um papel determinante nas decisões da autoridade monetária”, afirma.
No atual contexto, sobrepondera o segmento de obrigações com rating BBB, com base numa atividade limitada de fallen angels, graças ao posicionamento mais defensivo dos balanços das empresas. Quanto ao posicionamento por setores, dão atualmente mais peso às financeiras, onde – como reconhece – encontram atualmente valorizações interessantes.
Últimas alterações na carteira
Recentemente, a equipa reposicionou o fundo do artigo 6º do SFDR para o artigo 8º. “Como parte desta transição, ajustamos um pouco a nossa exposição a utilities, setor que atualmente subponderamos. Também aumentamos o peso em bancos e em algumas obrigações corporativas com rating BBB, sobretudo no segmento intermédio da curva”, afirma.
No final de agosto, a duração da carteira era de cerca de 6,9 anos, em linha com o índice e com uma yield to worst de 5,7% em dólares, o que – na opinião de Sophia Ferguson – representa uma yield extra relativamente ao índice Bloomberg US Corporate.
Visão de mercado
Quanto à sua visão de mercado, a gestora acredita que a Fed está a encaminhar-se para um soft landing. “Com um mercado laboral contido e com um processo desinflacionista em marcha, o ritmo de subidas de taxas terminou”. Por outro lado, esperam que a Fed mantenha taxas mais elevadas durante algum tempo, de modo a trazer a inflação de volta ao objetivo de 2% ao longo do tempo. “Não esperamos cortes de taxas até meados de 2024, embora isso dependa dos dados económicos”.
Em dívida corporativa, sobreponderam investment grade devido ao carry e a outras razões fundamentais, embora estejam conscientes dos riscos. “Vemos balanços e EBITDA de empresas acima dos níveis do final de 2019, com os níveis de capital dos bancos num bom patamar, apesar de monitorizarem os fluxos dos depósitos no setor”. Espera um crescimento de lucros moderado no terceiro trimestre do ano, em linha com o contexto macro, embora reconheça que as margens têm dado sinais de estabilização.
“O nosso posicionamento é dinâmico, de modo a aproveitarmos as oportunidades de spread que considerarmos oportunas. Embora a tendência da Fed possa ser um catalisador positivo para os spreads, estamos cautelosos, uma vez que um crescimento económico mais débil pode pesar na performance”, conclui.