Os gestores posicionam as suas carteiras de forma cautelosa: vendem cíclicos e compram obrigações e ações dos EUA.
A combinação de dados macroeconómicos em declínio e uma nova reviravolta na guerra comercial volta a afundar a confiança dos gestores de fundos. Segundo o último questionário do Bank of America Merril Lynch, um em cada três gestores prevê uma recessão global nos próximos 12 meses. A outra face da moeda é que cerca de 64% dos gestores o vê como improvável, mas não deixa de ser um pico de desconfiança que não se via desde 2011.
E as suas carteiras estão a posicionar-se para refletir maior cautela. Em traços gerais, estão a desfazer posições em ativos cíclicos em favor de obrigações e bolsa americana. É uma mudança brusca do termómetro da confiança já que no mês passado começaram a usar a sua liquidez para comprar ativos de risco.

O gráfico anterior mostra como no mês desfizeram posições em ativos cíclicos value. Segundo o BofAML, a exposição ao Japão está em mínimos de sete anos e os industriais sofreram a sua segunda maior queda mensal histórica. Por outro lado, compraram ativos defensivos e growth, como títulos de consumo básico ou tecnologia, e obrigações. Assim, estar longo em tesouro norte-americano é a aposta mais concorrida e popular do mês.
Face a estar no epicentro do duelo comercial, os gestores optam por olhar para os Estados Unidos. América do Norte é a região preferida para os próximos 12 meses em termos acionistas. No entanto, 78% dos inquiridos afirmam que é um mercado sobrevalorizado.

Isto é, as carteiras estão preparadas para um mundo de crescimento e taxas em mínimos. Sobreponderam ativos que se comportam bem quando as taxas e os lucros caiem e subponderam os que estão correlacionados com o crescimento e a inflação, como se mostra no gráfico anterior.
Estas mudanças são um reflexo direto das suas previsões para os movimentos dos bancos centrais. Quando há 12 meses 90% esperava que as taxas a curto prazo subissem, agora 43% prevê que vão baixar. Os gestores não estavam tão positivos em relação às obrigações desde novembro de 2008.