Na procura feita pelas empresas que vão integrar o fundo, Michael Clements, da Franklin Templeton, considera que é importante perceber o “porquê” de um negócio ter sucesso.
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O trabalho de Michael Clements passa por encontrar as melhores ideias de investimento que atualmente são oferecidas pelo mercado de ações europeu. Esta é uma missão que o gestor do Franklin European Growth Fund não executa de forma isolada, já que tem o apoio de uma equipa de oito analistas, divididos entre Frankfurt, Londres e Edimburgo. O objetivo passa por gerar uma rentabilidade superior à do mercado, a partir de uma carteira muito concentrada, formada por cerca de 30 títulos, adoptando no processo de construção uma rigorosa análise dos fundamentais, que se faz caso a caso. Neste trabalho uma boa dose de paciência é um grande aliado.
Numa entrevista à Funds People, o gestor explica que a sua filosofia passa por ir buscar as empresas que estejam avaliadas abaixo do seu valor real, e que tenham perspetivas de crescimento muito fortes. “Interessam-nos as empresas que são nº 1 em alguma coisa, com marcas fortes, retornos altos e fluxos de caixa livres. Apesar das valorizações já não serem as mesmas que eram em 2009, na Europa existem grandes empresas que ainda estão desvalorizadas. A nossa estratégia passa por encontrar essas empresas e inclui-las na nossa carteira com um horizonte de investimento de longo prazo. Daí a rotação do fundo ser muito baixa: apenas 25%”.
Certezas quanto à tesouraria das empresas
No “radar” do gestor estão empresas de qualquer capitalização, sempre que superem os 100 milhões de euros. Quando “mergulha” no universo disponível, Clements assegura que a análise macroeconómica é algo que fica em segundo plano. “O que importa de facto são as valorizações, a qualidade e o controlo do risco. Não fazemos nenhum tipo de distinção entre Espanha (periferia da Europa) e Alemanha baseada na situação macroeconómica de cada país. Uma boa ideia é uma boa ideia: não importa o mercado, nem o sector em que se insira. Procuramos empresas que ofereçam muito valor, e que disponham de fortes perspetivas de crescimento, independentemente do sítio onde estão registadas.
Precisamente aquando da sua visita a Lisboa, no passado dia 3 de Outubro, no Investment Day da Franklin Templeton Investments , o gestor referia que os “fortes balanços das empresas”, e as “valorizações atrativas” são alguns dos critérios que pesam na escolha das empresas que vão integrar o fundo.
Nesta busca pelas empresas certas, o especialista considera fundamental entender porque é que determinado negócio é bem sucedido. “Visitamos a equipa de gestão das empresas e os seus concorrentes. Há bons negócios com má gestão, e negócios medíocres com uma gestão francamente boa”. “Quando fazemos essa visita averiguamos basicamente 3 coisas: quão rápido é o retorno dos rendimentos à empresa, as margens de benefício, e a capacidade de gerar “cash”, explica o gestor da Franklin Templeton Investments. Neste sentido, Clements revela que um dos aspetos mais importantes é saber o que vão fazer as empresas com os benefícios que geram. “Não se compra títulos apenas por causa do dividendo atrativo que possam oferecer. Se geram fluxos de capital, queremos que a empresa reinvista no negócio. A chave reside em saber como se geram esses fluxos e o que vai ser feito com esse dinheiro. Não se trata de analisar se a empresa tem um beta alto ou baixo, ou se a empresa está inserida num sector cíclico ou defensivo. Trata-se sim de fazer uma análise exaustiva de cada empresa”, afirma.
Errar é humano. Concertar o erro também
Um papel muito importante tem também o controlo do risco. “Cada gestor tem uma ideia diferente do que é o risco. Para mim, a segurança é algo com o qual não se pode perder dinheiro. Em Espanha, por exemplo, as avaliações são tão atrativas que é difícil que baixem dos níveis atuais. Na Alemanha, pelo contrário, as avaliações são mais elevadas. Todos os gestores do mundo cometem erros. Quem diz o contrário está mentir. Um título pode ocupar no máximo 5% da carteira. Se uma ideia não funciona, revemo-la. O importante neste caso é saber reconhecer um engano e evitar perder muito dinheiro com essa posição. Não utilizamos stop loss, já que essa estratégia não funciona com um fundo composto por 30 empresas”.
No sector financeiro, sanitário e de materiais de construção é onde se encontram neste momento as melhores oportunidades de investimento. 44% do fundo está investido no Reino Unido e 42% nos mercados da zona euro. O Franklin European Growth Fund trata-se de um fundo que investe fundamentalmente em empresas de média capitalização e com um tracking error geralmente situado entre os 6% e os 8%. Conta com cinco estrela atribuídas pela Morningstar e tem uma rentabilidade anualizada de 14,6% durante os últimos três anos (5,5 pontos acima do seu índice de referência).