Update da gama MFS Prudent: uma transição bem planeada na equipa

Shanti Das-Wermes
Shanti Das-Wermes. Créditos: Cedida (MFS)

Como preâmbulo, Shanti Das-Wermes, gestor do Prudent Capital e do Prudent Wealth da MFS IM, ambos com Rating FundsPeople, comenta que a maior mudança estrutural nos últimos anos é o custo de capital, e, dada a situação em que os mercados se encontram atualmente, não é muito claro até que ponto este custo vai mudar a longo prazo.

“As curvas de yields das obrigações apontam para uma descida das taxas a curto prazo, mas a longo prazo, e na ausência de uma recessão muito forte, não é muito claro até onde irão, visto que a inflação voltou a acelerar”, aponta Das-Wermes.

O seu posicionamento é mais a curto prazo, visto que, na sua opinião, “com a inversão da curva em dólares, assumir mais duração hoje em dia não é bem recompensado, pelo que continuamos a procurar ideias em ações que sejam atrativas em relação a este custo de capital de cerca de 5% e em posições defensivas numa descida”, argumenta o cogestor.

Posição conservadora, embora incluam emergentes e o setor da saúde

Em termos gerais, o atual posicionamento do fundo continua muito conservador, visto que, segundo o gestor, “é simplesmente uma função que deriva do facto de procurarmos oportunidades que sejam atrativas de uma forma relativa na carteira de ações, mas também de uma forma absoluta relativamente ao que temos na carteira de obrigações”.

A exposição líquida a ações encontra-se num intervalo baixo, ou seja, 50% para o Prudent Capital e 60% para o Prudent Wealth, mas em função do risco específico, os fundos são muito flexíveis e podem posicionar-se no setor e na geografia que quiserem. A carteira mantém uma sobreponderação, relativamente ao benchmark, na Europa (especialmente na Alemanha, França e Espanha) e no Japão, “visto que, nos EUA, as valorizações em geral estão incrivelmente elevadas”, segundo assinala Shanti Das-Wermes.

“Historicamente, não temos exposição a mercados emergentes, embora atualmente tenhamos uma pequena parte em empresas de alta qualidade a valorizações muito interessantes”, nem ao setor da saúde, mas “incluímos empresas de life sciences, colhendo algumas oportunidades muito específicas”, acrescenta o gestor.

Em obrigações, Shanti Das-Wermes assinala que “estamos numa situação muito interessante, com yields corporativas acima das yields das ações, quando a estrutura normal do capital é as ações oferecerem um certo prémio, e isso não está a acontecer”. Comenta que o ativo livre de risco oferece uma yield de cerca de 5% quando a rentabilidade nos últimos 20 anos de um dos seus benchmarks, o MSCI World, é entre 7% e 8%.

Ao contrário de há um ano, o cogestor comenta que “o fundo diversificou um pouco mais a exposição no lado de risk free, além de que, nas obrigações governamentais, como o Tesouro americano e as TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities), também temos exposição a ABS e MBS, que nos dão uma yield um pouco mais elevada, bem como no papel comercial a um dia ou dinheiro a curto prazo de entre 5% a 6%”. Acrescenta que, com spreads muito ajustados, o crédito corporativo no Prudent Capital está no seu mínimo de exposição, 10% da carteira no seu conjunto. Comenta que também decidiram fazer uma cobertura de divisa, especialmente pela grande exposição ao euro na carteira, com o objetivo de neutralizar essa exposição.

Uma transição bem planeada na equipa de gestão

A carteira é tão flexível que responde a uma situação como a atual, a de falta de definição nas políticas monetárias e do futuro custo de capital, e com “uma composição que mudou para captar os ativos risk free e risk free plus”, afirma Shanti Das-Wermes, cogestor destas carteiras.

O cogestor comenta que entre as principais alterações feitas ao fundo está a sua própria integração, e que o criador original da estratégia, Barnaby Wiener, se reforma este mês, “com uma transição de vários anos a trabalhar juntos para garantir uma transição de sucesso”. A filosofia do fundo continua a ser a de proteger e fazer crescer o capital a longo prazo, e essa filosofia mantém-se.

Como responsável global do setor financeiro, Shanti Das-Wermes destaca que estão a utilizar modelos de risco e um stress test diário de ambos os fundos. Acrescenta ainda que, para evitar o problema do principal/agente, “nós, gestores, estamos bem alinhados com o fundo, com a forma como investe e com os seus resultados, visto que, pessoalmente, estamos investidos na gama”, conclui.