Update do Amundi Funds Pioneer US Bond: visão de mercado, posicionamento e últimas alterações realizadas na carteira

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Jonathan Scott. Créditos: Cedida (Amundi)

O Amundi Funds Pioneer US Bond é um fundo de dívida americana. Segue uma abordagem de investimento ativo e orientado para o value, acrescentando valor principalmente através da alocação de ativos e da seleção de valores. Jonathan Scott define-o como um produto com uma ampla abordagem multisetorial, gerido ativamente em obrigações core, centrado no dólar norte-americano, que pode ser uma ótima forma de obter exposição a obrigações core numa carteira. “Serve como alocação básica de obrigações de um investidor, podendo oferecer maiores retornos potenciais com o seu maior conjunto de oportunidades e volatilidade semelhante à de uma carteira core, graças aos benefícios de diversificação das classes de ativos menos correlacionadas”, explica à FundsPeople o diretor-adjunto de Obrigações Multisetor da Amundi US e membro da equipa de Gestão de Estratégia. 

Os três pilares

O fundo, que este ano conta com o Rating FundsPeople, adere a três princípios básicos de investimento. O primeiro é o value-driven. “Investimos em setores que oferecem valores relativos atrativos, baseados tanto em fundamentais como nos spreads de yield. O investimento value procura capitalizar os benefícios do reequilíbrio da carteira através da alocação dinâmica de ativos à medida que os fatores subjacentes mudam, o que pode contribuir significativamente para a rentabilidade da carteira ao longo do tempo”, sublinha.

O segundo princípio é o da ampla diversificação. “O nível de diversificação da carteira procura beneficiar da integração de uma ampla gama de fatores e setores, ajudando o fundo a procurar uma atrativa rentabilidade ajustada ao risco. A diversificação das classes de ativos com menor correlação com os setores core também pode ajudar a reduzir potencialmente a volatilidade e o risco de quedas”.

No que diz respeito ao terceiro princípio, baseia-se na manutenção do foco na gestão de riscos. “O fundo conseguiu limitar o downside risk e evitar a deterioração permanente do capital, refletindo a sua abordagem disciplinada para limitar a concentração de emitentes. Isto, combinado com uma sólida análise de crédito fundamental, evitando setores de risco e a perda de valor de mercado em contexto de taxas de juro crescentes, ajuda o produto a evitar possíveis perdas. Historicamente, o fundo demonstrou uma sólida posição em termos de captura de quedas e menor volatilidade em relação aos seus homólogos e ao índice de referência”, destaca.

Visião macro

Com a inflação geral e a inflação subjacente nos níveis mais altos dos últimos 40 anos, o Comité de Operações de Mercado Aberto está a adotar um caminho agressivo para travar a inflação, subindo as taxas de juro e reduzindo o seu balanço. Ultimamente, os mercados estão mais preocupados com a possibilidade de uma recessão provocada pelo endurecimento das condições financeiras. Neste sentido, a trajetória da equipa da Amundi US tem sido consistente no que diz respeito à inflação.

“A taxa de inflação levará tempo a baixar com alguma dependência dos dados ao longo do processo. É provável que os mercados de obrigações americanas continuem a ver mudanças de foco entre inflação e crescimento. O mercado já descontou os movimentos agressivos da política monetária. É difícil que as taxas subam significativamente a partir destes níveis, a menos que o crescimento surpreenda com um forte aumento”, assinala Scott.

Na opinião da equipa, os atuais níveis de spreads das empresas investment grade e high yield estão relativamente neutros. Os spreads teriam de ser alargados até ao intervalo 750-800 para que as obrigações corporativas high yield se tornassem notavelmente mais atrativas, dados os atuais níveis de risco. “No entanto, as obrigações high yield permanecem mais atrativas que as floating rates, tendo em conta os preços atuais. Do ponto de vista setorial, favorecemos as empresas financeiras em detrimento das não financeiras, em grande medida porque as financeiras sofreram um repricing”, reconhece.

Uma vez que o mercado está a descontar uma Fed agressiva e notícias negativas, a equipa considera haver oportunidades em obrigações, especialmente no setor core intermédio. Além disso, estão confiantes que as obrigações vão retomar o seu papel histórico como um contrapeso muito necessário dentro da carteira de um investidor.

Posicionamento atual

Neste contexto, posicionaram a carteira do fundo de forma mais cautelosa para mitigar o potencial de alargamento dos spreads de crédito à medida que as empresas enfrentam os desafios inflacionistas e condições financeiras menos acomodatícias.

“Historicamente, adotamos uma abordagem flexível para acrescentar e reduzir o risco da carteira em função dos fundamentais e das avaliações. Atualmente, acreditamos que o aumento dos spreads de crédito contribuirá para o objetivo da Fed de endurecer as condições financeiras, ao reduzir a procura agregada para controlar a inflação”.

Reduziram significativamente a sua exposição global a crédito durante o ano, pois entendem que enfrentamos uma maior volatilidade provocada pela abordagem agressiva da Fed. Embora o fundo mantenha uma subponderação em setores de spread, reduziram o risco. “Encontramos spreads atrativos em vários setores, mas continuamos cautelosos na hora de acrescentar exposição até que a volatilidade das taxas de juro se modere”.

Últimas alterações na carteira

Também reduziram a sua sobreponderação em instrumentos de titularizações. “Isto dará à equipa uma certa flexibilidade adicional sobre outras potenciais oportunidades futuras”. Acrescentaram também obrigações municipais de maior qualidade e duração. Recentemente, acrescentaram duração ao fundo, quando as obrigações a 10 anos se aproximavam dos 4%. “As avaliações parecem atrativas em duração, com potenciais oportunidades na parte da curva de yields a dois e cinco anos”, explica Scott.

Na sua opinião, a seletividade dentro dos setores de spread é fundamental, uma vez que o crescimento económico agregado abranda e algumas partes da economia se contraem. “Refletindo a abordagem orientada para o valor do fundo, o seu horizonte de investimento a mais longo prazo e um conjunto de oportunidades mais amplo, a carteira continua a manter importantes sobreponderações numa gama diversa de setores de crédito, enquanto continua subponderado em obrigações do Tesouro norte-americano, que oferecem menos valor relativo”, conclui.