Update do BL Global Flexible EUR: favorecer a qualidade e encontrar ideias no mercado japonês

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Guy Wagner. Créditos: Cedida (BLI - Banque de Luxembourg Investments)

O contexto económico continua frágil para os mercados financeiros, dado o risco atual de desaceleração económica ou mesmo de recessão. Após anos em que os objetivos dos bancos centrais (combater o risco de deflação e estimular o crescimento) eram muito favoráveis para os mercados financeiros, a situação mudou radicalmente. “As autoridades monetárias colocaram em marcha uma rápida e significativa subida das suas taxas para contrariar o aumento da inflação. Mesmo com o risco de abrandar o crescimento económico”, comenta Guy Wagner. Também persiste a incerteza nas áreas geopolítica, energética e dos recursos de matérias-primas.

E, no entanto, embora as valorizações das ações tenham diminuído após as quedas do mercado em 2022, na opinião do gestor da BLI - Banque de Luxembourg Investments, esta classe de ativos continua a depender da evolução económica mundial. “Uma aterragem suave com uma redução moderada do crescimento e o fim do endurecimento monetário continua a ser um possível cenário positivo, com uns lucros empresariais relativamente incólumes, mas continua a existir o risco de uma recessão com maior impacto nos lucros das empresas”, avisa. Neste contexto, Guy Wagner não descarta uma diminuição do interesse dos investidores pelo risco e uma deterioração das receitas das empresas.

Movimentos na carteira do BL Global Flexible EUR

Por isso, a carteira do BL Global Flexible EUR que gere, conserva um estilo de gestão orientado para as ações, ao mesmo tempo que mantém, por precaução, uma parte da exposição a ações coberta. Assim, a alocação bruta a ações era de 71,21% no fim de 2022, mas de 45,99% em termos líquidos. As obrigações pesavam quase 10% e a tesouraria cerca de 5,43%.

É interessante comentar o papel que o ouro tem desempenhado na carteira. No final de 2022 pesava 13,53% e num ano como o anterior estas empresas auríferas tiveram um impacto ligeiramente positivo no conjunto do ano, graças à recuperação do preço do ouro no segundo semestre.

Outro movimento relevante foi o que ocorreu com as obrigações. No segundo semestre (setembro e outubro), aumentaram a alocação a obrigações aproveitando a debilidade dos mercados de ações norte-americanas. A carteira permanece investida unicamente em obrigações soberanas norte-americanas a longo prazo.

Quanto às oportunidades em ações, o gestor considera o mercado japonês interessante, com muitas empresas de qualidade e uma moeda estruturalmente subvalorizada (o iene). Em geral, continua a favorecer as empresas de qualidade que se podem diferenciar da concorrência, beneficiar de margens de lucros mais elevadas de forma sustentável, gerar mais fluxo de caixa livre e autofinanciar-se. “Estas devem conseguir resistir melhor a uma recessão económica mais grave”, explica Guy Wagner.

Processo de inverstimento do BL Global Flexible EUR

Este misto flexível com Rating FundsPeople 2023 é gerido com uma estratégia ativa e baseada em convicções. O gestor coloca particular ênfase, dentro da carteira de ações, em empresas de qualidade com uma ou várias vantagens competitivas sólidas e sustentáveis e com um potencial significativo de crescimento rentável. Além disso, o gestor pode utilizar instrumentos derivados (futuros sobre índices) para cobrir temporariamente a exposição da carteira ao risco de ações. Este estilo dá lugar a desvios estruturais no que diz respeito aos índices de mercado (pouca ou nenhuma exposição a energia, finanças e serviços públicos e sobreponderação de consumo, saúde e tecnologia).

Além das ações, o fundo serve-se de três classes de ativos principais, cada um com uma função específica. As obrigações são o fator de sustentação em períodos de turbulência nos mercados bolsistas. O ouro (através de ações de ouro) é a proteção contra riscos macroeconómicos/ geopolíticos/ sistémicos e de tesouraria, a reserva para investir quando surgem oportunidades.

Dada a atual estrutura da carteira, cabe esperar que os períodos de subidas de taxas de juro reais (ajustadas à inflação) pesem na rentabilidade do fundo, uma vez que as cotizações das obrigações e do ouro baixariam juntamente com as das ações. “Este cenário materializou-se em grande medida na primeira parte de 2022, com uma queda simultânea dos mercados de ações e de obrigações que não permitiu que a carteira de obrigações desempenhasse o seu papel protetor”, reconhece Guy Wagner.