Trata-se de um fundo que procura descobrir oportunidades em todo o espetro deste tema, incluindo ações dos subsetores biotecnológico, farmacêutico, de serviços de saúde e de tecnologia médica.
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As ciências da vida englobam todos os campos da ciência que estudam os seres vivos, como as plantas, animais e seres humanos. E o Janus Henderson Global Life Sciences procura descobrir oportunidades em todo o espetro deste tema, incluindo ações dos subsetores biotecnológico, farmacêutico, de serviços de saúde e de tecnologia médica.
Através de um processo de análise fundamental, Andy Acker e Daniel Lyons, os gestores da estratégia, tentam identificar empresas que abordem necessidades médicas não cobertas e que tornem as empresas de cuidados de saúde mais eficientes. “Acreditamos que estas empresas podem gerar valor para os acionistas em qualquer tipo de mercado”, afirmam.
A sua abordagem é equilibrada, diversificando entre geografias, capitalizações de mercado e subsetores de cuidados de saúde. Também aplicam uma abordagem de valor em risco como parte de um quadro integral de gestão de riscos para mitigar as desvantagens quando investem em empresas em fase inicial de desenvolvimento.
Processo de investimento
Avaliam as empresas de ciências da vida à escala mundial do ponto de vista qualitativo e quantitativo com o objetivo de reduzir a lista de ações que merecem uma cobertura detalhada por parte da equipa de análise. Para a estratégia, os analistas reduzem o universo de ações focando-se nas ideias que acreditam ter vantagem de investigação.
“Os critérios quantitativos incluem margens elevadas ou em crescimento, melhoria do rendimento sobre o capital investido, crescimento identificável dos lucros, consistência dos lucros, propriedade de informação privilegiada, elevados fluxos de caixa livres e uma valorização convincente. Do ponto de vista qualitativo, os nossos analistas procuram marcas sustentáveis, projetos interessantes, uma gestão sólida e uma cultura empresarial e incentivos favoráveis aos acionistas”, explicam.
A sua abordagem analítica baseia-se na crença de que os seus analistas devem conhecer as suas empresas tão bem, ou melhor, do que qualquer pessoa. “Isto exige ir muito mais além de falar com a direção. Dedicamos grande parte do nosso tempo a falar com médicos (cujas decisões afetam 80% das despesas de saúde), o que inclui entrevistar líderes de opinião em praticamente todas as áreas terapêuticas, assistir a congressos médicos para conhecer em primeira mão os novos dados mais inovadores e realizar inquéritos a médicos para calibrar os futuros padrões de utilização”.
Além disso, o seu objetivo é colaborar com a indústria através da compreensão de todos os aspetos dos cuidados de saúde, incluindo o debate das tendências de reembolso com os organismos pagadores. “Alguns dos nossos esforços de investigação patenteados incluem o uso de uma base de dados desenvolvida internamente, que combina dados de volume com preços semanais de mais de 10.000 produtos para projetar as tendências de vendas e analisar os próximos ensaios clínicos utilizando modelos bioestatísticos desenvolvidos internamente”.
Também avaliam as forças macroeconómicas do setor da saúde. A equipa estuda como as pressões regulamentares e as perceções dos investidores influenciam as diferentes ações e subsetores.
Posicionamento atual
A estratégia está diversificada nos quatro principais subsetores dos cuidados de saúde: biotecnologia, produtos farmacêuticos, serviços de saúde e dispositivos médicos e tecnologia. “O que nos diferencia de muitos dos nossos homólogos e do MSCI Worlds Health Care Index é a nossa sobreponderação estrutural em biotecnologia. Esta sobreponderação deve-se à nossa convicção na aceleração da inovação no setor e no seu potencial para satisfazer necessidades médicas não respondidas”.
Dada a natureza binária do desenvolvimento de fármacos, consideram que também joga a seu favor o facto de contarem com uma profunda equipa de especialistas com mais de 100 anos de experiência combinada em investimentos na área da saúde. “Isto dá-nos a capacidade de acrescentar valor através da gestão ativa, compreendendo os riscos clínicos e comerciais (a que chamamos regra 90/90) associados ao desenvolvimento de fármacos”.
No atual contexto, acreditam que a saúde oferece aos investidores uma atrativa combinação de características defensivas e oportunidades de crescimento. “Liderado pelas empresas farmacêuticas e de cuidados de saúde, o setor tem historicamente obtido bons resultados nas desacelerações económicas e quedas do mercado. Isto porque a procura de cuidados de saúde tende a ser inelástica, uma vez que a maioria dos indivíduos prioriza a sua saúde e bem-estar em detrimento de outros bens e serviços básicos, mesmo em ambientes de recessão”.
No outro extremo do espetro, as empresas biotecnológicas de pequena e média capitalização continuam a oferecer avanços médicos em importantes categorias de doenças, como cancro, doenças genéticas, alzheimer, obesidade e distrofia muscular, entre muitas outras. “Após uma prolongada venda maciça de ações biotecnológicas de pequena e média capitalização em 2021 e início de 2022, o mercado está a começar a recompensar estes sucessos clínicos. Também estamos a começar a observar um aumento da atividade de fusões e aquisições, uma vez que as empresas farmacêuticas de grande capitalização procuram diversificar a sua oferta de produtos perante a iminente expiração de patentes no final desta década”.
Perspetivas de investimento
Embora o setor da saúde tenha ficado aquém do mercado de ações em geral até agora este ano, acreditam que o baixo rendimento se deve sobretudo a um otimismo infundado sobre a economia. “Se a inflação se mantiver elevada ou se as condições de créditos se tornarem mais restritivas, sobretudo tendo em conta as recentes quebras bancárias, a procura constante por produtos farmacêuticos e outros cuidados médicos, poderá revelar-se atrativa para os investidores”.
Ao mesmo tempo, mais de 80 novos medicamentos estão pendentes de revisão pela FDA este ano, o que cria um potencial de crescimento significativo. Algumas terapias já foram aprovadas, como o Leqembi, o primeiro fármaco que demonstrou claramente que retarda a deterioração cognitiva dos doentes com alzheimer. A FDA também deu luz verde ao primeiro medicamente contra a degeneração macular seca relacionada com a idade, uma das principais causas de cegueira nos idosos.
“No futuro, poderemos assistir à aprovação dos primeiros medicamentos genéticos dirigidos a grandes categorias de doenças como a hemofilia e a distrofia muscular. Muitas das novas terapias aprovadas poderão representar o início de importantes ciclos de novos produtos, que normalmente impulsionam o crescimento dos lucros durante uma década ou mais”, destacam.
A equipa continua a adotar uma abordagem barbell, equilibrando as qualidades defensivas do setor com possíveis novas oportunidades de crescimento. Para isso, favorecem as biofarmacêuticas de grande capitalização com uma forte geração de fluxo de caixa livre e as empresas de cuidados de saúde, que tendem a ser resistentes à inflação. Ao mesmo tempo, sobreponderam as biotecnológicas de pequena e média capitalização com lançamentos recentes de produtos ou interessantes oportunidades de desenvolvimento em fase avançada, que consideram oferecer um potencial de crescimento com riscos clínicos reduzidos.
“Como temos visto recentemente, algumas destas empresas tornaram-se alvo de aquisições, uma vez que as empresas biofarmacêuticas de grande capitalização procuram reconstituir as carteiras de produtos. A curto prazo, o pedido da FTC pode abrandar a atividade de fusões e aquisições, mas também tornar as empresas mais pequenas mais atrativas, favorecendo a nossa sobreponderação das biotecnológicas de pequena e média capitalização”, concluem.