A viragem para o crédito americano e a identificação de oportunidades na periferia europeia refletem uma adaptação proativa à incerteza política e económica.
Dado o atual contexto de taxas de juro e spreads, o Muzinich Enhancedyield Short-Term Fund, com Rating FundsPeople, efetuou ajustes estratégicos significativos na sua carteira. Segundo Ian Horn, gestor do fundo da Muzinich & Co, a crescente incerteza política na Europa e a compressão dos spreads reduziram a atratividade do crédito europeu em comparação com a do americano. “Dada a situação, acreditamos que é o momento adequado para fazer uma viragem seletiva fora do crédito europeu, especialmente no segmento de high yield”, comenta Ian Horn.
Spreads e valorizações
Segundo comenta o gestor, desde meados de 2022 que os spreads de crédito europeus mostravam um prémio significativo face aos seus homólogos americanos, impulsionado inicialmente pela guerra na Ucrânia e pelas preocupações com o abastecimento de gás. No entanto, durante 2024, este prémio diminuiu devido a dados económicos mais sólidos do que o esperado na Europa, especialmente no crédito com classificação BB.
“A nossa preferência crescente pelo crédito americano reflete não só melhores valorizações e uma menor incerteza política, como também uma preferência pela duração americana”, afirma o gestor.
Oportunidades na periferia europeia
Apesar da incerteza nos países do centro da zona euro, o gestor identificou oportunidades na periferia europeia. As atuais valorizações sugerem que os emitentes corporativos da periferia oferecem um melhor valor do que o setor bancário.
Ian Horn comenta: “Acreditamos que a periferia poderá oferecer um determinado refúgio face à volatilidade dos spreads, bem como oportunidades de maiores retornos. Até há pouco tempo, preferíamos o setor bancário periférico, mas atualmente vemos uma oportunidade de fazer uma viragem para o segmento corporativo mais amplo”.
Fontes de incerteza
O comportamento das taxas de juro foi outro fator-chave na estratégia do fundo. Enquanto no início de 2024 era esperado que tanto o BCE como a Fed aplicassem vários cortes de taxas, em abril, o BCE assinalou a sua vontade de implementar um primeiro corte em junho, enquanto a Fed manteve o seu discurso de taxas elevadas durante mais tempo. Esta divergência influenciou o retorno das taxas em ambas as regiões.
Por outro lado, “a ascensão de partidos políticos não-centristas na Europa é uma nova fonte de incerteza. Isto, juntamente com a resiliência da economia europeia, sustenta a nossa convicção de que as taxas de juro na Europa poderão registar um retorno inferior nos próximos meses”, conclui Ian Horn.