Martin Moeller olha para 2024 com uma postura construtiva. Para a temporada de resultados do próximo ano, o gestor deste fundo com Rating FundsPeople 2023 prevê uma recuperação do crescimento dos lucros.
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Depois de um 2021 forte, seguido de um 2022 atrasado face ao índice e um 2023 em recuperação, Martin Moeller olha para 2024 com uma postura construtiva. Para a temporada de resultados do próximo ano, o gestor do UBAM - 30 Global Leaders Equity prevê uma recuperação do crescimento dos lucros. “Em 2023, os resultados empresariais vão estagnar, mas diria que a revisão em baixa das estimativas do mercado atingiu o ponto mais baixo, pelo que no próximo ano deveremos ver uma melhoria a partir destes níveis”, observa.
Isto, combinado com o facto de estarmos a chegar à fase final de ajuste monetário, faz com que Moeller esteja mais positivo do que negativo. “Mas este cenário não está isento de riscos”, esclarece o diretor, porque também tem detetado, nas suas conversas com as empresas, sentimentos contrários, inclusive entre empresas do mesmo setor.
Por um lado, há empresas que começam a ver luz após a interrupção das cadeias de abastecimento em 2020. Os seus custos de transporte e de matérias-primas estão a abrandar de novo, o que representa algum alívio. Por outro lado, recuperar o equilíbrio entre a oferta e a procura não é algo que se resolva facilmente. A gestão de inventários é mais complexa do que parece. Depois de um 2020 e 2021 com dificuldade em aceder a certos produtos, em 2022 passámos ao outro extremo, em que abundam certos bens.
“O que está a acontecer nas cadeias de abastecimento é como ver uma bola a cair. A cada salto diminui o ressalto, mas enquanto não for completamente fluido continuaremos a observar estas subidas e descidas de inventário”, explica Moller. A Nvidia é um exemplo perfeito. Ao longo do ano, o preço das suas ações subiu mais de 180%, mas esse aumento chega depois de 2022, no qual acabou com uma queda de quase 50%. Um claro reflexo das suas necessidades de inventário. Com a queda das criptomoedas, não houve tanta pressão na procura dos seus chips, mas agora que o foco está na inteligência artificial, volta a passar por um período de escassez dos seus produtos.
Duas alterações no portefólio do UBAM - 30 Global Leaders Equity
Entretanto, as duas alterações feitas na carteira do UBAM - 30 Global Leaders Equity respondem apenas a questões específicas de cada empresa. Em 2023, dois nomes abandonaram a carteira, um do setor imobiliário e outro do consumo discricionário.
Para a imobiliária, a principal questão era o custo da dívida da empresa. O tipo de negócio que gere tende a funcionar com maior alavancagem. “Agora que as taxas de juro aumentaram, o custo da sua dívida também irá aumentar. O que antes não era preocupação, pode agora tornar-se num problema a longo prazo”, explica Moeller. A segunda preocupação era uma alteração ao modelo de negócio. Embora a tentativa de uma empresa de diversificar as suas fontes de lucro possa ser uma decisão acertada, o segmento de nicho em que esta empresa entrou não convenceu totalmente o gestor.
No outro caso, ainda que não se questione a força da marca, as suas perspetivas a médio prazo e a sua dependência do ciclo preocupam Moeller. “A China foi uma espada de dois gumes para a empresa. O mercado é grande, mas tem de competir com intervenientes locais e determinada pressão política”, explica.
No seu lugar, entraram dois outros líderes globais. Ambos têm em comum serem empresas que geram lucros constantes e fiáveis na sequência de decisões operacionais estratégicas tomadas pela direção. Em ambos os casos, o impulso da inteligência artificial deverá ser uma vantagem adicional.
Coerência com uma carteira concentrada
O UBAM - 30 Global Leaders Equity conta com o Rating FundsPeople 2023 por ser um produto de grande êxito no mercado ibérico, mas também pela consistência das suas rentabilidades ajustadas ao risco. E tem mérito por ter gerado esta coerência a longo prazo, tendo em conta que o fundo terá sempre uma carteira concentrada em apenas 30 nomes.Um dos fatores que contribui para esta coerência, assinala Moeller, é a carteira adotar uma abordagem equilibrada apesar de procurar líderes globais. Por exemplo, a equipa de gestão evita conscientemente a sobreexposição a um setor, tendência ou estilo individual. “Não queremos ter anos magníficos por beneficiarmos de repente de um setor e logo a seguir sofrermos uma reversão para a média no ano seguinte”, explica o diretor.