O setor de retalho foi o que obteve melhores resultados ao captar 43% do investimento e os investidores estrangeiros foram responsáveis por 75% do volume total de investimento em Portugal.
A atividade do mercado imobiliário nacional em 2017 foi marcada por um elevado dinamismo em todos os setores, tanto ao nível da atividade ocupacional como de investimento. É pelo menos essa a conclusão do relatório da Cushman & Wakefield sobre atividade do mercado imobiliário nacional no ano passado: “Em linha com a tendência a que vimos a assistir desde há dois anos, 2017 foi mais um ano excelente para o mercado do imobiliário comercial em Portugal”, afirma Eric van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal.
De acordo com o relatório, foram transacionados aproximadamente 1.800 milhões de euros em ativos imobiliários comerciais, valor que traduz uma subida de 41% face a 2016. Particular destaque para os investidores estrangeiros, responsáveis por 75% do volume total, no entanto é de referir o crescimento dos players nacionais, que representam 25% do capital investido (440 milhões de euros), o que corresponde a um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
O setor com melhores resultados é o de retalho, que captou 43% do investimento num total de 730 milhões de euros (mais de 700 lojas arrendadas), seguido dos escritórios que atraíram 37% dos capitais investidos, cerca de 630 milhões de euros (estima-se que terão sido arrendados 170 mil metros quadrados só em Lisboa). Porém, o destaque vai para o setor industrial, que acumulou em 2017 o valor de investimento mais alto de sempre, superior a 300 milhões de euros (cerca de 295.000 metros quadrados ocupados) e que corresponde a um crescimento de 212% face a 2016, em grande parte resultado da mudança de mãos da empresa Logicor, que foi adquirida pela China Investment Corporation. Esta foi a operação de maior volume realizada em 2017, ano em que as transações de portfólios de grande dimensão tiveram um peso muito significativo no total de investimento, representado 69% do volume transacionado.
Quanto aos valores de arrendamento, registaram subidas acentuadas no setor dos escritórios e do retalho, sendo que apenas o setor industrial manteve os valores de renda do ano anterior. As taxas de rentabilidade dos ativos refletiram esta valorização do setor imobiliário, com compressões significativas ao longo dos últimos 12 meses. No fecho do ano, as yields prime situaram-se nos 4,50% para escritórios, 4,90% para centros comerciais, 4,50% para comércio de rua e 6,25% para industrial.
Para 2018, Eric van Leuven diz que as perspetivas são otimistas: “No mercado ocupacional o bom comportamento da economia e em particular as previsões de evolução positiva do emprego e do consumo privado, bem como do investimento, sugerem um bom ano para os sectores de escritórios e retalho”. No entanto, o diretor-geral da consultora em Portugal relembra que se mantém, no caso dos escritórios, “o problema da escassez de oferta de qualidade que poderá limitar um maior crescimento da procura”. Tendo em conta a expetativa de manutenção de um ambiente de baixas taxas de juro e a redução gradual da política monetária expansionista do Banco Central Europeu, acredita que o dinamismo no investimento deverá manter-se em 2018 e que a recente revisão dos ratings da dívida soberana de Portugal por parte da Standard & Poors e da Fitch será uma ajuda.
“O capital estrangeiro continua a considerar Portugal como uma excelente alternativa de investimento, oferecendo níveis de risco controlado a taxas atrativas face à maioria dos mercados europeus. Os negócios de investimento atualmente em curso com estimativa de fecho prevista ao longo de 2018 ultrapassam já hoje os 2.500 milhões de euros - um indicador muito significativo da atratividade do mercado português”, conclui Eric van Leuven.