A Funds People Portugal entrevistou Carlos Massaru, CEO da Banco do Brasil Gestão de Recursos - Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A, a gestora com maior património líquido do mercado brasileiro (444.247,7 milhões de reais a 30 de Agosto.
Em que tipo de entidades são distribuídos os vossos produtos fora da rede do BB?
Considerando a ampla capacidade de distribuição que possuímos através da rede do Banco do Brasil, incluindo todos os canais que utilizamos no mercado doméstico, temos como distribuidor externo o Banpará. No mercado internacional, a Principal Financial Group distribui produtos com a nossa assessoria, assim como o Barclays no Japão e a Interbolsa na Colômbia.
Qual a estratégia de expansão internacional do BB?
Importante ressaltar que aqui falamos da expansão da BB Gestão de Recursos, parte do Banco do Brasil. Temos um QIF em Dublin na Irlanda e outro veículo nas Ilhas Cayman. Queremos posicionar-nos no mercado global como a gestora que possui a melhor competência para analisar e gerir ativos brasileiros e, assim, criar condições para ser o principal provedor de fundos brasileiros para investidores do exterior. Estudamos abrir um veículo para distribuição no retalho visando otimizar a nossa capacidade de alcançar o mercado externo.
Como vê o negócio da gestão na América Latina?
Muito positivamente. Alguns países da América Latina têm um mercado financeiro bastante desenvolvido, com adequado arcabouço regulatório e com estabilidade económica e política já há algum tempo. São países como Chile, Peru e Colômbia, além do México, apesar da elevada dependência com o mercado americano. A oportunidade mais clara nesses países e o nosso foco é a distribuição de nossos fundos nessas localidades, pois, apesar de mercados desenvolvidos, são países que têm uma necessidade muito grande de ativos em função do tamanho de seus mercados de capitais.
Considera as gestoras chilenas, colombianas ou mexicanas concorrência na venda de fundos latino americanos ?
Não. As gestoras locais desses países representam muito mais uma oportunidade de parceria do que concorrência, pois o nível de especialização em gestão de ativos não domésticos é muito baixo nesses países.
Utilizam fundos internacionais dentro dos vossos produtos? Que interesse têm os fundos de gestoras internacionais?
Temos dois fundos brasileiros que, por serem permitidos pela regulação, tem 20% de exposição em ativos do exterior. São dois fundos multimercado, um temático e o outro de ações globais. Os fundos internacionais investidos são : Principal High Yield, Pictet Water Fund, MFS Global Equity Fund , Principal Global Equity Fund. Com a redução das taxas de juros no Brasil, com menor rentabilidade para os fundos com títulos públicos, o processo de diversificação ocorrerá com maior rapidez, intensidade e profundidade, demandando, assim, ativos/fundos no exterior.
Que opinião tem acerca do mercado português? Como funcionou o lançamento de gama de produtos em Portugal?
O mercado português, em função de diversos fatores começando pela facilidade do idioma e a relação histórica que temos, sempre se apresenta como uma perspectiva interessante. Afinal, somos nações irmãs. No curto prazo parece-me que Portugal tem uma preocupação maior em conseguir atrair investidores para ajudar a ajustar alguns setores da economia. No médio prazo vemos oportunidade na distribuição de nossos produtos não somente em Portugal, mas em alguns outros países da Europa e isso poderá acontecer via alguma parceria em Portugal. Ainda não lançamos nenhum produto do Brasil em Portugal.
Que opinião tem do mercado asiático? Atualmente têm um escritório em Singapura, como evolui o negócio?
Extremamente promissor. O nível de desenvolvimento do mercado financeiro e de capitais na Ásia é admirável e eles querem diversificação e novas alternativas de investimentos. Possuem uma visão bastante positiva a respeito do Brasil. O escritório de Singapura vai muitíssimo bem, participando da distribuição de diversas emissões que o Banco do Brasil tem liderado. Os investidores asiáticos são extremamente práticos e utilizam as alternativas que se mostrarem mais eficientes em cada situação. UCITS são sempre boas opções, independente se em Luxemburgo ou em Dublin.