A caminho dos seis anos, o Sixty Degrees PPR/OICVM Flexível foca em afirmar a sua marca distintiva: consistência na rentabilidade ajustada ao risco, mesmo em contextos mais desafiantes. A gestão do fundo, sob a alçada de Virgílio Garcia, tem sido feita com pragmatismo, disciplina e uma abordagem flexível, mas profundamente enraizada na preservação de capital. “O fundo tem transparecido aquilo que é o nosso objetivo, que é ter baixa volatilidade, boa rentabilidade por unidade de risco e baixo drawdown”, afirma o gestor. A juntar a isto, a liquidez do produto reforça a relevância do fundo como alternativa para investidores de retalho, sobretudo num país onde a alocação a depósitos ainda é bastante elevada. “O nosso objetivo é oferecer um produto que seja uma alternativa eficaz ao grande volume de poupanças ainda retidas em depósitos”, defende.
Mas recuando a 2019, a história do fundo começa com uma gestão mais - chamemos-lhe - colegial, numa altura em que era o único produto da casa. “Todos tínhamos um peso quase igual na tomada de decisão”, lembra Virgílio Garcia. No entanto, essa abordagem revelou alguns limites quando o mercado recuperou após a pandemia e surgiram indecisões sobre o momento para adicionar risco. A resposta foi clara: definir um gestor principal e implementar ferramentas quantitativas para apoiar decisões e balizar divergências de opinião. “Utilizamos um modelo quantitativo, que identifica tendências, e que nos apoia no processo de tomada de decisão, sobretudo ao nível das grandes classes de ativos”, revela o profissional.
“Embora não seja vinculativo, esse modelo permite-nos identificar desvios relevantes face aos níveis de risco considerados adequados, funcionando como um alerta adicional e um suporte à discussão interna”, descreve o gestor, sublinhando que tal não substitui, naturalmente, a decisão humana. “Além disso, definimos um budget de risco para divergirmos do modelo até certo ponto. Mas se a nossa opinião continuar constantemente errada, temos que ajustar”, acrescenta. Apesar da abordagem ser adaptável, a premissa central é clara: “Conservação de capital primeiro e depois, sim, obtenção de retornos”.
EUA: risco sob controlo
Para além do investimento em ações, o fundo diversifica o risco com exposição a obrigações, commodities e moedas, afastando-se de um portefólio tradicional 60-40, e, com a recente dinâmica dos mercados de ações, ficou bastante visível a flexibilidade do fundo. “Nos últimos meses, ajustámos a nossa alocação ao risco, com destaque para as ações americanas. Em novembro, reduzimos a exposição aos Estados Unidos e reforçámos na Europa. Mais recentemente, voltámos a aumentar a alocação ao mercado acionista norte-americano”, conta o gestor. Contudo, a exposição é seletiva. Apesar do entusiasmo geral em torno do setor tecnológico, a equipa mostra-se cautelosa. “Existe um grande hype à volta do setor tecnológico. Do ponto de vista da valuation, estamos atualmente menos confortáveis em investir neste setor do que no mercado genérico, como o S&P 500, por exemplo”.
Por fim, Virgílio Garcia sublinha que a equipa está preparada para cenários adversos, porque parte de uma posição sólida e essa solidez dá margem para reagir - o tal risk budget. E, apesar das incertezas geopolíticas, mantém-se otimista, lembrando a capacidade de adaptação das empresas. Do lado da gestão de ativos, no fundo e para o(s) fundo(s), tudo se resume “a estar nas classes de ativos certas, nos momentos certos”, conclui.
Qual o momento mais desafiante dos últimos cinco anos?
A resposta do gestor é clara: o período de recuperação dos mercados em 2020, na sequência da queda provocada pela pandemia. Apesar da boa performance durante a crise, o fundo manteve uma postura “excessivamente cautelosa” por um período prolongado, evitando aumentar o risco por receio de comprometer o capital. “Perante um momento de bastante incerteza, para nós foi mais confortável não arriscar em demasia. Olhando para trás, teríamos tomado mais risco”, explica Virgílio Garcia.