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Há muitas luas, fui proprietário de um Smart Cdi, versão de 2003, com uns modestos 41cv a diesel.
Tinha o encanto próprio das primeiras versões e, já na altura, conseguia exercer um fascínio quase inexplicável, não apenas nos seus proprietários, como nos demais companheiros de viagem.
Uma excelente posição de condução, espaço de sobra para os seus dois ocupantes, uma bagageira ‘fofinha’ capaz de transportar 3 sacos de compras e uma capacidade de manobra e estacionamento equivalente a … uma mota!
A qualidade de construção deixava algo a desejar, a dureza das suspensões faziam um ‘kart’ parecer confortável, as vibrações e o ruído provenientes do motor eram claramente acima do desejável e, meu Deus… a caixa de velocidades era um desespero!
Em 2015, e duas gerações depois, entro dentro deste Smart 71cv ‘Twinamic’ e quase não o reconheço, tal o salto em termos de qualidade e agradabilidade de utilização!
Se o Smart ‘original’ pouco ultrapassava os 700kg de peso, esta nova versão já engorda para lá dos 930kg! Como não podia deixar de ser, oferece um ar bastante mais robusto. Obviamente que o peso extra não advém somente de inúmeros reforços estruturais, mas também de um significativo aumento em termos de equipamento e ‘safety features’ que é possível encontrar nesta versão ‘Passion’, com caixa de dupla embraiagem ‘Twinamic’.
O motor presente nesta unidade é um três cilindros atmosférico com 999cc e 71cv. Existe também uma versão ‘turbo’ com 90cv para quem necessite de andamentos mais frenéticos.
Apesar de uma melhoria significativa em termos de isolamento e vibrações, o ‘tri’ ainda se faz sentir em rotações mais altas, acompanhado por um nível de dB que podia e devia ser revisto em baixa. De todas as formas, na generalidade dos regimes, é um motor suave q.b. e bastante agradável de utilizar. Os consumos oscilam muito em função da condução aplicada e tão depressa vi o computador de bordo marcar 4.8ltrs/100 em velocidade estabilizada, como teve a ousadia de fazer médias superiores a 8.0ltrs/100 em percursos mais sinuosos, com subidas e descidas frequentes.
Uma área onde a melhoria se torna por demais evidente é na estabilidade e conforto geral de rolamento. As suspensões, apesar de controlarem de forma eficaz o adornar da carroçaria, conseguem oferecer um tacto geral bastante suave e, a não ser que se tratem de lombas, a curta distância entre eixos não acentua nenhuma espécie de desconforto.
Também a insonorização a velocidades de cruzeiro mereceu cuidados especiais e apesar de um ou outro ruído aerodinâmico junto à parte superior das janelas, dificilmente se poderia pedir melhor de uma viatura com estas características.
Confortavelmente sentado ao volante, delicio-me com um fino interior forrado a cor de laranja e, enquanto afasto o cinto de segurança que teima em ‘morder-me’ o pescoço, sou brindado com uma lista de equipamento a bordo digna de 2 segmentos acima!
Um volante de excelente pega com comandos de rádio e cruise control, sistema multimedia com Bluetooth e entradas Aux/USB, ar condicionado automático, um porta luvas e, a novidade… a caixa automática de 6 velocidades de dupla embraiagem ‘twinamic’.
Finalmente, uma caixa automática competente para o Fortwo! Esta ‘twinamic’ oferece 3 modos de condução, dois automáticos e um manual. Por defeito, arrancamos em modo ‘E’ (Economy) e as trocas de caixa sucedem-se de forma suave e sem interrupções, procurando maximizar a permanência em regimes médios e eficiência nos consumos. Em alternativa, podemos optar pelo modo ’S’ (Sport) e, se bem que não haja alterações perceptíveis em termos da velocidade das trocas de caixa, há uma predominância por regimes mais elevados de motor, se a carga do acelerador assim o justificar. Para além disso, a caixa torna-se bastante mais reactiva às desacelerações ou toques de travão, apressando-se a reduzir para capitalizar o efeito de ‘travão-motor’.
Apesar de ter encontrado esta caixa a um universo de distância daquilo que era a realidade Smart a que estava habituado, ainda assim não posso deixar de criticar a existência de um compasso de espera demasiado longo em situações de ‘kickdown’.
Felizmente, trata-se de um pormenor de fácil resolução logo que optamos pelo modo manual, uma vez que passamos a poder controlar nós mesmos, quaisquer ‘hesitações’ de funcionamento. Até mesmo quando peço duas reduções de uma vez (de 6ª para 4ª, por ex)!
O privilégio de se poder ter um carro alemão, com dois lugares e tracção traseira, faz-se pagar e, no caso desta versão 71cv twinamic, o preço já vai para lá dos 14.200€ (c/extras).
Escusado será dizer que há ofertas no mercado que, por este preço, ainda levam, pelo menos, mais 2 pessoas a bordo.
No entanto, nenhum deles permite a façanha de utilizar somente 6,95m para virar entre passeios!
How cool is that?
Veja mais fotos em http://thecarlounge.pt/2015/08/27/ensaio-smart-fortwo-71cv-twinamic-vitamina-cmart/