Yield repetível e sustentável

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Talib Sheikh é um veterano no universo multiativos e o gestor responsável pela Global Multi-Asset Strategy e pelo Jupiter Flexible Income Funds, da Jupiter Asset Management. O gestor faz parte da equipa da entidade gestora britânica desde o verão de 2018, mas incorporou a Jupiter AM já com 20 anos de experiência em multi-ativos na J.P.Morgan AM. Em Portugal para um encontro com clientes e investidores, o profissional explicou à Funds People People o papel de um fundo multi-ativos no atual contexto de mercado. “O mundo do investimento de rendimento tem-se tornado muito complicado por duas razões óbvias. Por um lado, pelos 12 biliões em obrigações com yields negativas, mas por outro, pelos spreads reduzidos que estão disponíveis no crédito investment grade. Vemos em Portugal, por exemplo, que a dívida pública a 10 anos paga uns meros 20 pontos base por ano. Tantas fontes tradicionais de rendimentos desapareceram e isso é o resultado das políticas de quantitative easing e de taxas nulas. No entanto, sabemos bem que as necessidades de ativos geradores de rendimentos são cada vez maiores num contexto de população a envelhecer. As pessoas necessitam de uma yield repetível e sustentável, e é aí que entram os fundos multi-ativos”, explica Talib Sheikh.

É assim que o gestor argumenta pela necessidade de se ser ainda mais ativo e ainda mais flexível numa busca cada vez mais ampla por fontes diversificadas de rendimento. Esta flexibilidade é algo que, como comenta Talib Sheikh, a Jupiter AM lhe permite. “Os investidores procuram hoje em dia fundos mais pequenos. Existem fundos multiativos que superam os 40 ou 50 mil milhões de euros em ativos e isso faz com que sejam muito difíceis de gerir. É muito difícil ser ativo na alocação de ativos. Num fundo dessa dimensão acaba por se comprar o índice inteiro. Nós aqui fazemos a diferença, mas também na yield que temos distribuído aos clientes”, comenta, referindo-se a uma yield anualizada de 4,7% que o fundo tem entregue aos investidores. 

Foco e convicção

O gestor destaca o foco e a convicção na forma como aborda o mercado. Enquanto fundos semelhantes de concorrentes apresentam milhares de emissões em carteira, a estratégia da Talib Sheikh mantêm-se repartida em cerca de 400 posições. “Queremos ter uma carteira de ações de elevada convicção, distribuídas por diversas regiões, mas também um conjunto seleto de obrigações individualmente analisadas e selecionadas. Este ‘bottom-up active risk’ faz a diferença e é complementado por uma alocação top-down muito flexível”. “Queremos ter a certeza que podemos ser ativos, mas bem enraizados nos nosso processo macro subjacente”, esclarece.

O fundo adicionou ações chinesas no início deste ano e reduziu o risco perante a volatilidade do quarto trimestre do ano passado. O segmento high yield tem-se mantido relativamente estável, em cerca de 30% da carteira, mas representativo de 40% do retorno proporcionado. Têm adicionado também risco adicional em crédito de mercados emergentes, bem como alguma dívida soberana destas regiões em desenvolvimento e dívida do sector bancário. Neste último segmento, a análise abarca toda a estrutura de capital dos bancos e tanto se posicionam a um nível mais sénior como em Cocos de algumas instituições bancárias.

O recurso a derivados cotados permite a Talib e à sua equipa otimizar a alocação. Por um lado para reduzir o risco quando necessário e, por outro, para capitalizar no retorno diferenciado que instrumentos derivados como as opções proporcionam. Um ‘positive skew’ como o chama o responsável de multi-ativos da Jupiter AM. Já no que se refere à moeda, são três as abordagens do gestor. “Uma das formas como encaramos as divisas é como um meio de obter alfa no portefólio. Por outro lado, quando perante um universo de investimento em que os ativos mais seguros se tornaram caros, recorremos à moeda como meio de diversificação. Por fim, há posições que simplesmente são cobertas, sempre tendo em consideração os custos de hedging”.

Uma seleção ativa, uma alocação ativa, uma gestão de divisas ativa e uma gestão ativa do risco são as quatro características pelas quais se pauta a abordagem de Talib Sheikh à gestão do Jupiter Flexible Income Fund. Uma flexibilidade que segundo o gestor se reflete também na yield que distribuem aos investidores e que não representa um target fixo. Impedem assim cair na tentação de subir na escala do risco para satisfazer um target que se poderia tornar irreal.