Está em transição de um mercado emergente de baixo rendimento para um de rendimento médio, apoiado por políticas coerentes, estabilidade política e relações geopolíticas favoráveis.
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A Índia tem monopolizado os títulos das notícias nos últimos anos, e com razão, dado o seu destacado desempenho nos mercados emergentes durante os últimos três anos. Desde o final de 2020 que o seu sucesso em rentabilidade tem sido notável, com um crescimento anual de 17%, o que levou à duplicação do seu peso no índice MSCI EM, alcançando cerca de 18%.
Crescimento económico, inflação e demografia
A Índia registou um crescimento económico acelerado, em contraste com a estagnação ou o declive observado noutras regiões do mundo. Com taxas de crescimento situadas entre 6% e 8% e previsões de cerca de 7,5% para o próximo ano, este crescimento é entendido como sustentável e desvinculado das tendências globais, segundo Murali Yerram, vice-presidente sénior e gestor do Franklin India, com Rating FundsPeople.
O país conseguiu controlar a inflação e reduzir o seu défice fiscal, o que deu lugar a taxas de juro mais baixas e a um contexto económico mais estável. Além disso, segundo comenta o gestor, o crescimento das exportações de serviços e a redução das importações de energia estão a contribuir para a redução do défice comercial, potencialmente conduzindo a um excedente por conta-corrente e a uma maior estabilidade monetária.
Somada a estas conquistas do lado económico, destaca-se a juventude da sua população, com cerca de 60% em idade ativa, o que se espera que impulsione um crescimento salarial. O número de pessoas consideradas ricas triplicou nos últimos anos, e a classe média também está a experienciar um rápido crescimento, o que torna a Índia um mercado altamente atrativo para empresas tanto de consumo básico como discricionário. Prevê-se um aumento considerável no rendimento per capita, prevendo-se que atinja os 6.000 dólares até 2035 ou 2036 em relação aos 2.200 dólares de 2022.

Reformas importantes
A Índia implementou várias reformas, como o Imposto sobre Bens e Serviços (GST), a transferência direta de lucros e cortes fiscais, que agilizaram as operações empresariais e aumentaram o cumprimento fiscal. “Estas reformas melhoraram as infraestruturas, inclusive a construção de novas autoestradas, ferrovias e novos sistemas de metro”, assinala o gestor da Franklin Templeton.
O governo incentivou a produção local para reduzir a dependência das importações, especialmente da China, através do Plano de Incentivos Vinculados à Produção (PLI), que impulsionou setores como o da produção de telemóveis. Um exemplo disso é a Apple, que deu início ao desenvolvimento do seu iPhone 14 na Índia, juntamente com a Samsung, que identificou o país como um centro de produção global chave.

Maior crescimento económico projetado acompanhado de um re-rating de múltiplos
Prevê-se que o crescimento do PIB na Índia para 2024 seja um dos mais elevados entre as principais economias, com estimativas entre 7,6% e 7,8%, segundo o relatório da Deloitte e do Banco Asiático de Desenvolvimento. Embora se espere uma moderação nos anos seguintes devido a incertezas geopolíticas e a fatores internos como as eleições gerais, prevê-se um crescimento estável impulsionado por investimentos públicos e privados sólidos e pelo bom desempenho do setor de serviços.
Por sua vez, o crescimento anual composto dos lucros foi de 9,1% entre 2013 e 2023, aumentando cerca de 20% por ano nos últimos quatro anos. Espera-se que este crescimento se fortaleça até 2025, apoiando as valorizações e o re-rating do múltiplo P/E na maioria dos setores, exceto em serviços informáticos com elevada dependência dos EUA e do Reino Unido, segundo os dados apresentados por Murali Yerram:

E este impulso de lucros foi um resultado generalizado e não de apenas um setor indiano, embora os mais destacados sejam o financeiro e o de energia, mas até as utilities superam o desempenho dos lucros do MSCI EM:

Mas não acaba aqui…
O governo de Modi investiu em infraestruturas e reformas políticas que contribuíram para o progresso económico, e espera-se que estas medidas continuem a impulsionar o desempenho do mercado e a gerar oportunidades para os investidores.
“Todos estes fatores impulsionaram o progresso da economia indiana, e só agora é que os lucros se começam a notar”, aponta Sol Ahn, gestora na Mirae Asset Global Investments de dois fundos com Rating FundsPeople, o Mirae Asset ESG India Sector Leader Equity Fund e o Mirae Asset India Mid Cap Equity. “Acreditamos que a Índia é uma das histórias de crescimento mais atrativas dentro da Ásia para a próxima década, e estamos entusiasmados com as oportunidades que isto representa para o nosso fundo”, conclui a gestora.
Joshua Crabb, gestor de um fundo de ações indianas na Robeco, destaca também as reformas do lado da oferta do governo de Modi como as principais razões por detrás do rápido crescimento da Índia. O gestor considera que “isto empoderou as empresas de média e pequena capitalização, especialmente em setores onde há uma presença limitada de grande capitalização. Este desenvolvimento, juntamente com um aumento nas entradas de capital de ações domésticas, resultou numa apreciação muito maior das ações de média e pequena capitalização em comparação com as de grande capitalização e com o índice do mercado”.
Por seu lado, Murali Yerram mostra-se confiante com a geração de alfa do seu fundo através de posições fora do índice de referência que poderá continuar a impulsionar o seu desempenho, graças à importante equipa de 15 profissionais sediados no país. O seu posicionamento é reflexo das expetativas que a equipa tem para o impacto das reformas e caraterísticas idiossincráticas, ou seja, o consumo, a infraestrutura, nova tecnologia e o crescimento do crédito.
E um último dado: segundo o mais recente The Flow Show do BofA, os maiores beneficiários do apetite investidor em 2024 são a China (47.900 milhões de dólares) e a Índia (10.445 milhões).