A dificuldade de construir uma carteira para se proteger contra a inflação

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Créditos: Florian Klauer (Unsplash)

A grande questão neste momento é: como posicionar as carteiras face ao aumento da inflação? O problema é que é uma questão que é mais complexa do que parece. Como explica Nadège Dufosse, responsável de multiativos da Candriam, os retornos por classe de ativos irão variar significativamente dependendo da tendência estrutural dos preços.

Como se pode ver no gráfico acima, a inflação dos últimos 50 anos pode ser estruturada em três grandes tendências. Um período de tendência positiva de 1959 a 1980, um período negativo de 1981 a 2001 e um período estável de 2002 até ao momento atual. Estas tendências são fáceis de determinar quando alargamos o horizonte, mas como podemos ver, dentro delas há anos de subidas e anos de descidas. Na altura, terá sido mais difícil de determinar.

E é precisamente por isso que a construção de carteiras é tão complexa. Porque os retornos por classe de ativos têm variado significativamente por período. Vemos isso no gráfico abaixo. Numa tendência de inflação positiva, a melhor aposta terá sido combinar um ativo altamente cíclico, como matérias-primas, com o porto seguro do ouro. "Para um investidor, há pouca margem para refrear o impacto da inflação", diz Daniel Lacalle, economista chefe da Tressis. Na sua opinião, "a melhor maneira de o fazer é investir em matérias-primas, não em empresas relacionadas com elas".

Pelo contrário, as ações e as obrigações soberanas americanas oferecem um retorno negativo. E se a tendência for negativa? Nesse caso, o ouro terá pesado um pouco das carteiras. Trata-se de um ativo complexo. Segundo Lacalle, o ouro é impulsionado por três fatores: o fator monetário, o fator inflacionário e o fator de crescimento. Quando é que o ouro começa a reapreciar-se? Quando não há crescimento económico, explica o economista. "O problema não é 2021, mas sim 2022. Tal como a prata, o ouro é um ativo que protege contra a volatilidade, suportado também pela perda do poder de compra", explica. Mas talvez o período mais complexo seja o de uma tendência estável, embora neste caso, o ouro, mais uma vez, tenha dado um contributo significativo, em contraste com as matérias-primas.