A evolução da exposição a ações nos fundos PPR

Em meados de 2018 explicámos as alterações nas regras de composição do património dos fundos de poupança, contempladas na Portaria n.º 176/2018 de 20 Junho do mesmo ano, e que essencialmente se resumiam na supressão do montante máximo do fundo que podia ser alocado a ações. Recorde-se que tal limite era de 45%.

Um ano e meio depois, analisamos a forma como os fundos de poupança destinados à reforma (PPR) exploraram este desimpedimento: desde a redefinição autónoma do novo limite para a alocação a ações, à alocação propriamente dita.

Alterações ao limite

Com esta alteração legislativa, a imposição sobre o limite máximo do fundo alocado a ações deixou de estar contemplada na lei para passar ser decisão autónoma das entidades gestoras dos fundos.

Assim, dos 59 fundos poupança reforma de gestoras associadas da APFIPP no final do terceiro trimestre do presente ano, apenas 6 haviam modificado o seu limite de exposição a ações desde a publicação da Portaria.

Destacam-se os fundos de pensões BBVA Estratégia Investimento PPR e o PPR SGF Poupança Dinâmica, que no prazo de um ano alteram o seu teto máximo de exposição a ações de 55% para 100% (99% no caso do segundo). A estas alterações estão normalmente associadas a adoção de novas políticas de investimento, como aconteceu com o fundo da SGF, que aproveitou esta oportunidade para impactar segmentos específicos de clientes (neste caso, menos avessos ao risco).

Também existem fundos que se comportaram de forma oposta; isto é, que reduziram a sua alocação máxima permitida à tipologia de ativos em questão. É o caso dos fundos de pensões BBVA Estratégia Acumulação PPR e CVI PPR, que registaram uma redução do limite de 35% para 30%. No entanto importa referir que o BBVA Gestão de Ativos procedeu a esta alteração em ambos os produtos com o objetivo de ajustar a perfilagem dos seus fundos destinados à reforma, conseguindo assim aproveitar esta nova autonomia para adaptar a sua oferta às diferentes necessidades dos clientes.

Fonte: APFIPP

Redefinição da Alocação

No que à alocação diz respeito, houve uma tendência predominante nos fundos para aumentar a sua exposição a ações, ainda que a maioria o tenha feito de forma conservadora, com aumentos a rondarem em média os 6 pontos percentuais.

Não obstante, há que salientar o fundo de investimento mobiliário Optimize Capital Reforma PPR/OICVM Agressivo por ser o fundo com maior exposição a ações, situando-se nos 73,6%. Este produto da Optimize Investment Partners foi conceptualizado para assumir uma estratégia mais tolerante ao risco desde a sua criação, e é um exemplo paradigmático do proveito que as casas de fundos destinados à reforma retiraram da nova regulamentação.

Importa referir que não é entre os fundos com maior exposição a equity que se dão as maiores alterações na alocação a este tipo de ativo. No top 10 dos fundos que mais alocam a ações, constituem a maioria os que mantiveram a sua exposição inalterada, ou que a aumentaram residualmente. Há inclusive a presença de dois fundos que reduziram a sua exposição.

Importa ainda referir o facto de à data existirem apenas sete o número de fundos PPR cuja exposição a ações é superior a 45%, o que representa 12% do total dos fundos poupança reforma registados. Desse conjunto, três fundos foram criados após a publicação da portaria supracitada, todos eles com mais de 45% alocados a ações desde a sua fundação.

Fonte: APFIPP