A máquina de criar fundos ESG não para, mas abranda

ESG Clean energy verde sustentável

Nos últimos anos, a máquina de criação de produtos ESG tem estado muito bem oleada. Os gestores de fundos, conscientes de que a regulamentação europeia se centraria no investimento com critérios ambientais, sociais e de governance, começaram a criar departamentos, a contratar profissionais e, naturalmente, a lançar estratégias sustentáveis, que agora se enquadram nos artigos 8.º e 9.º da SFDR.

A novidade é que a máquina está a abrandar a sua atividade. Nos quatro trimestres de 2021, o número de produtos criados pelas entidades cresceu trimestralmente, dos 150 produtos lançados no primeiro para mais de 200 no quarto trimestre. Porém, entre janeiro e março de 2022, assistimos ao menor número de novos fundos desde o primeiro trimestre de 2020.

De acordo com os dados da Morningstar, foram lançados 145 fundos no primeiro trimestre deste ano. Especificamente, 116 eram de gestão ativa e 29 de gestão passiva. Desse número total, 77 (53%) são estratégias de ações. É a classe de ativos onde a inovação ESG continua a estar concentrada.  O resto é dividido quase igualmente entre fundos de obrigações e de multiativos.

Evolução trimestral do número de lançamentos de fundos ESG

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Fonte: Morningstar Direct. Dados a partir de 31 de março de 2022.

“Embora a oferta global focada no ESG continue a explicar a maior parte do desenvolvimento de produtos, mais uma vez neste trimestre, os fundos de ação climática continuaram a ser, de longe, a temática mais popular ao nível de lançamentos.  Temos 27 novos fundos de ação climática que abrangem todos os temas relacionados com o clima: baixas emissões de carbono, transição climática, soluções climáticas, tecnologia limpa e green bonds”, revelam na Morningstar.

Conversão de produtos para uma filosofia ESG também diminuiu

O lançamento de novos fundos sustentáveis tem sido uma prioridade fundamental para os gestores de ativos na Europa. Mas não é a única forma de os bancos responderem à crescente procura por parte dos investidores em produtos sustentáveis.

Estão também a reutilizar os fundos convencionais existentes tornando-os ESG e em estratégias sustentáveis, por exemplo, alterando objetivos de investimento ou adicionando critérios e exclusões de ESG nas suas políticas de investimento. E muitos refletem estas mudanças renomeando os fundos para aumentar a sua visibilidade entre os clientes que procuram investir de forma mais sustentável.

No primeiro trimestre de 2022, a Morningstar identificou apenas 63 fundos rebranded. “Este é o valor trimestral mais baixo registado desde que a SFDR entrou em vigor em março de 2021. Representa uma queda trimestral de 37%.  É algo que está em linha com o abrandamento da atividade de desenvolvimento de novos produtos", concluem a empresa de análise.

Evolução trimestral no número de fundos existentes rebatizados.

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Fonte: Morningstar Direct. Dados a partir de 31 de março de 2022.