Nas últimas semanas observou-se uma certa rotação de setores e estilos, com as small caps como protagonistas.
Nas últimas semanas, assistimos a uma alteração do candidato democrata à presidência dos EUA e a uma mudança significativa no mundo financeiro, à medida que a rotação setorial ganha protagonismo. Os gestores de fundos seguem de perto estas tendências e ajustam as suas estratégias.
“A desaceleração da inflação nos EUA e na Europa, juntamente com as expetativas de melhoria dos lucros, poderá abrir caminho para a continuação da ampliação da recuperação para além das mega capitalizações norte-americanas”, assinala Mónica Defend, responsável do Instituto de Investimentos da Amundi.
Embora, nos últimos 18 meses, as Sete Magníficas tenham dominado o retorno e a narrativa dos mercados até à exaustão, segundo explica Pierre Debru, responsável de Análise Quantitativa e Soluções Multiativos da WisdomTree, no dia 10 de julho, estas “depararam-se, finalmente, com um concorrente digno: o Índice de Preços no Consumidor (IPC). Desde que o Bureau of Labor Statistics dos EUA publicou um IPC inferior ao esperado, de +3% anuais, e um IPC subjacente de 3,3%, os mercados parecem ter finalmente mudado de direção. No espaço de uma semana, o Russell 2000 disparou 9,2%, enquanto o Nasdaq perdeu −4,2%. No mesmo período, o S&P 500 Equal Weight teve um retorno superior ao do S&P 500, de 4,3%”.
Estarão as small caps finalmente a acordar?
Uma rotação para as empresas de pequena capitalização que há muito se esperava, e que “poderá estar a alinhar alguns catalisadores, o que levará ao estabelecimento de uma tendência mais ampla e prolongada em que o mercado se amplia, e a que as 493 ações restantes do S&P 500, bem como as pequenas capitalizações, recuperem e joguem ao nível das Sete Magníficas”, aponta Pierre Debru.
Depois de terem ficado atrás dos títulos de grande capitalização durante grande parte do ano, os títulos de pequena capitalização superaram recentemente os seus homólogos de maior dimensão, segundo nos mostra Álvaro Antón, responsável da abrdn para a Península Ibérica: “Foram três anos difíceis, mas acreditamos que as pequenas empresas de elevada qualidade deverão voltar ao radar”.
A rotação para os títulos de pequena capitalização tem sido especialmente pronunciada nos EUA. Desde meados de 2024 que os títulos de pequena capitalização têm revalorizado mais de 9% face a um pouco mais de 2% no caso do S&P 500 e menos de 1% no caso do Nasdaq 100. Esta mudança deveu-se a vários fatores: a) expetativas de descidas de taxas de juro; b) a melhoria das perspetivas de determinados resultados políticos; c) um contexto económico mais favorável para as empresas mais pequenas e centradas no mercado nacional.
Rotação também para outro setor sensível a taxas de juro
Os gestores assinalam que o retorno do mercado está a ampliar em vários setores. Na primeira metade de 2024, os lucros concentraram-se num pequeno número de grandes títulos tecnológicos. No entanto, no segundo semestre, observou-se uma maior diversidade de empresas que contribuíram para os lucros do mercado.
Embora a tendência para as empresas de pequena capitalização seja especialmente pronunciada, a rotação setorial está a ocorrer em todo o mundo. Na Austrália e no Reino Unido, por exemplo, o interesse pelo setor imobiliário e por outros setores sensíveis às taxas de juro aumentou, como já adiantavam os gestores Martin Towns, diretor-adjunto de Real Estate, e Daniel Riches, diretor de Financiamento Imobiliário, da M&G Investments: oportunidades em ativos prime e dívida imobiliária.