A “troika” e os fundos de investimento nacionais

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-ko-ko-, Flickr, Creative Commons

“O Governo decidiu hoje mesmo dirigir à Comissão Europeia um pedido de assistência financeira por forma a garantir as condições de financiamento do nosso país, ao nosso sistema financeiro e à nossa economia", assim anunciou ao país, José Sócrates, a intervenção externa a Portugal, no dia 6 de abril de 2011. Três anos volvidos e após algumas avaliações da Troika em Portugal, olhamos para a performance dos fundos de investimento nacionais no período.

Os tempos foram de austeridade sentida ao nível da economia real mas, analisadas mais de uma dezena de categorias da APFIPP, verifica-se que o mercado de fundos de investimento nacional conseguiu atingir uma rendibilidade anualizada de 3,57%. Assim, o sector da gestão de ativos foi mais o reflexo da evolução da crise financeira na direção da recuperação do que uma consequência totalmente negativa de um país intervencionado. Repare-se que desta crise saem importantes lições como a necessidade de mais poupança e de uma poupança de mais longo prazo, hoje diversificada entre diferentes instrumentos financeiros. Contudo, sublinha-se o agravamento fiscal a que assistimos nestes últimos três anos. 

Neste sentido, quais as categorias que se evidenciaram? Sem surpresas, já que se trata do país que mais cedo deu sinais de recuperação da crise financeira, a categoria de fundos que atingiu a maior rendibilidade média, no período, foi a dos “fundos de acções da América do Norte” com 8,27%, puxada por dois fundos com ganhos acima de 11%: o Caixagest Acções EUA e o Santander Acções América.

A segunda categoria mais rentável foi a dos fundos de obrigações com taxa fixa euro com ganhos de 7,44%. Dentro desta categoria, o grande motor foi o ES Obrigações Europa, gerido por Vasco Teles, com ganhos de 19,28%, seguido pelo Montepio Taxa Fixa com 10,78%. Estes dois fundos foram os únicos com ganhos anuais acima de 10%.

A fechar estas contas, aparecem os fundos sectoriais com uma valorização média de 5,89% onde a liderança coube ao produto Montepio Euro Healthcare com 16,54%.

Os 10 mais

A dezena de fundos mais rentáveis obteve uma média de 11,11%. O melhor fundo do período foi o Espírito Santo Obrigações Europa, da ESAF. O Montepio Euro Healthcare fica na segunda posição enquanto o Santander Acções América fecha o pódio com ganhos de 11,8% com o Caixa Acções EUA a conseguir ganhos de 11,21%.

O Montepio Taxa Fixa, na quinta posição, fecha o lote dos fundos com rendibilidades anualizadas acima de 10%. Millennium Acções América (8,9%), Espirito Santo Renda Mensal (8,52%), Espirito Santo Capitalização (8,5%), Santander Acções Portugal (7,86%) e Montepio Euro Telcos (7,78%) fecham o lote dos produtos que maior rendibilidade tiveram com a troika no nosso país.

 

Fonte: APFIPP a 4 de Abril de 2014. Foram analisadas as seguintes categorias de fundos: Fundos Obrigações de Taxa Indexada Euro, Fundos Obrigações de Taxa Fixa Euro, Fundos de Obrigações Euro, Fundos de Obrigações Internacional, Fundos de Acções Nacionais, F. Acções da União Europeia, Suíça e Noruega, Fundos de Acções da América do Norte, Fundos de Acções Sectoriais, Outros Fundos de Acções Internacionais, Fundos Misto Predominantemente Obrigações, Fundos Misto Predominantemente Acções, Fundos de Fundos Predominantemente Obrigações, Fundos de Fundos Mistos, Fundos de Fundos Predominantemente Acções, Fundos do Mercado Monetário Euro e Fundos de Tesouraria Euro.