Amundi Responsible Investing Impact Green: filosofia, estratégia e posicionamento de um dos fundos verdes mais vendidos na Península Ibérica

Alban de Fay Amundi obrigações
Alban de Fay. Créditos: Cedida

O interesse dos investidores ibéricos pelas obrigações verdes está em crescendo e isso fez com que alguns fundos investissem neste segmento de mercado. Um deles é o Amundi Responsible Investing Impact Green Bond, produto que conta com Selo FundsPeople 2021 pela classificação de Blockbuster. "As obrigações verdes surgiram como uma ferramenta eficaz para canalizar os investimentos para os objetivos de mitigação da mudança climática, perante o financiamento de projetos com resultados ambientalmente sustentáveis, como as energias renováveis, os edifícios energeticamente eficientes ou o transporte limpo (veículos elétricos)", explica à FundsPeople Alban de Fäy.

O gestor do fundo revela que a filosofia de investimento é financiar a transição energética investindo 100% da carteira em obrigações verdes de elevada qualidade que tenham um impacto positivo e medível no meio ambiente, ao mesmo tempo que oferecem uma rentabilidade atrativa ao longo dos diferentes ciclos económicos. "Para isso, avaliamos o impacto meio ambiental dos projetos financiados pelas obrigações verdes, considerando o impacto positivo gerado, expresso em toneladas de emissões de C02 evitadas por milhão de euros investidos", destaca.

A estratégia tem como objetivo navegar ao longo dos ciclos económicos aproveitando ao máximo discrepâncias do mercado resultantes das suas opiniões fundamentais, sobre macroeconomia, o estado das empresas, as classificações ESG, a análise das obrigações verdes, as valorizações e outros fatores técnicos, e sobre as valorizações.

Universo investível e filtros que aplica

O universo de investimento é formado por obrigações verdes emitidas em qualquer divisa, alinhados com os Príncipios de Obrigações Verdes. "Estas obrigações devem cumprir os critérios definidos pelos Princípios das Obrigações Verdes quanto a: 1) à descrição do projeto e o uso dos fundos, 2) o processo de avaliação e seleção dos projetos, 3) a gestão dos fundos até que se utilizem na sua totalidade, e 4) a apresentação de relatórios que incluam a lista de projetos financiados e o seu impacto previsto", indica o gestor.

Tal como explica, estas obrigações verdes proporcionam um elevado grau de transparência da utilização do capital e um impacto tangível para os investidores preocupados com os critérios ESG. "Excluímos deste universo os emitentes que tenham uma classificação ESG de F e G (utilizando uma escala que vai de A a G; sendo a A a maior, e a G a pior) que revela as piores práticas ESG. Esta pontuação ESG baseia-se na nossa metodologia própria de análise e classificação ESG, que mede a capacidade de uma empresa ou emitente para antecipar e gerir os riscos e oportunidades E, S e G inerentes ao seu setor e à sua situação individual".

Também aplicam a política de exclusão da Amundi, que deixa de fora os emitentes que não cumprem a política ESG da gestora, as convenções internacionais, os marcos reconhecidos internacionalmente e as regulações nacionais, assim como a exclusão de setores controversos como o carvão ou o tabaco. Por último, asseguram que a pontuação ESG do fundo seja superior à do mercado de obrigações verdes e prestam uma atenção especial ao impacto da obrigação a partir de uma perspetiva meio-ambiental.

"Por exemplo, alguns setores-chave na transição energética, como o químico, que é um grande produtor de CO2. Isto significa que as obrigações verdes emitidas por empresas químicas têm um maior impacto. Há margem para o crescimento, já que o setor representa apenas 1% do mercado de obrigações verdes, em comparação com 18% dos serviços públicos".

Posicionamento atual

Desde princípio do ano, o fundo bateu ligeiramente o mercado de obrigações verdes graças ao seu posicionamento relativamente curto em duração face ao universo de obrigações verdes (7,6 face a 8,2) num contexto de subida de taxas. "Favorecemos o crédito, o setor imobiliário e o universo BBB face ao resto do segmento investment grade. Recentemente, o ruído em torno do setor imobiliário (China e Adler) e a volatilidade das taxas levaram os mercados ao modo risk-off e desencadearam uma ampliação dos spreads que afetou a rentabilidade da carteira, que sobrepondera este setor", justifica.

Em outubro, o comportamento da carteira viu-se afetado tanto pelo contexto das taxas de juro como pela ampliação dos spreads em termos absolutos. "Em termos relativos, o fundo obteve uma yield ligeiramente superior graças à nossa concentração nos vencimentos intermédios da curva e uma menor sensibilidade ao carry, apesar do achatamento da curva de yields e da nossa exposição a Itália", conclui.