Análise do posicionamento do investidor institucional (I): exposição a ações

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Créditos: Adeolu Eletu (Unsplash)

O que estão os investidores institucionais a comprar e a vender? A State Street Global Advisors, uma das cinco maiores gestoras do mundo, procedeu à leitura dos dados dos fluxos dos seus depositários. Um panorama privilegiado de como se estão a movimentar as carteiras dos grandes investidores a nível global. Neste primeiro artigo iremos abordar o segmento das ações.

A primeira grande premissa revelada pelos dados é que as ações não estão nem baratasnem sobrevendidas. O peso das ações em carteira no final de 2022 ainda representava 50%; bastante em linha com a exposição histórica. Posto isto, é verdade que nos últimos meses este peso tem vindo a diminuir. “Há um ano os investidores estavam otimistas em relação às ações. Afinal de contas, a expetativa dos fundos federais era de apenas 200 pontos base. Seguia o lema de taxas baixas para sempre. Desde então, foram 12 meses a desmontar esse posicionamento doloroso”, conta Marija Veitmane, estratega sénior de Multiativos da State Street Global Markets.

Fonte: State Street Global Markets

Como vemos no gráfico anterior, as maiores subponderações estão nos mercados emergentes, beta e ações cíclicas. Pelo contrário, as maiores sobreponderações estão em matérias-primas e divisas emergentes. Mas algo se está a movimentar nas carteiras. Segundo mostram os dados da State Street Global Markets, os investidores institucionais estão a vender risco de taxas de juro e a fazer um movimento tímido para as ações. Resta saber quanto tempo durará esse ligeiro interesse por risco. O sentimento positivo do quarto trimestre de 2022 foi voraz, mas tão rapidamente subiu como voltou a cair. 

Fonte: State Street Global Markets

Outra tendência interessante é o que está a acontecer com a posição no dólar norte-americano. Por participação, a exposição continua, no geral, elevada, mas desde novembro que houve uma mudança na visão. Vemo-lo melhor na linha de fluxos a cinco dias. 

Pelo contrário, os elevados dividendos estão a voltar às carteiras do institucional. Com uma procura superior há que existe por ações em geral. Dito isto, é um primeiro movimento de recuperação. Ainda se estão a fechar anos de subponderação neste nicho. Quanto ao estilo, a sobreponderação em ações growth desfez-se. Agora o viés é mais neutro.