O mercado de obrigações pode ser complicado em 2015. Esta situação é semelhante ao que encontrávamos há um ano, quando se alertava para o impacto que uma política monetária mais agressiva poderia ter nas obrigações. Os responsáveis das gestoras internacionais aconselham os investidores de obrigações a investirem em produtos globais e flexíveis que dispõem do dinamismo necessário para poder mover-se em todo o universo de ativos onde se pode investir com o objetivo de sair por cima num ambiente que se espera difícil. Hoje a situação é a mesma. O facto de não termos assistido a um cenário claramente adverso nas obrigações não significa que o problema tenha desaparecido: apenas foi adiado.
O questionário elaborado pela Funds People e respondido pelas entidades internacionais mostra que, para 2015, os olhos vão estar postos nas obrigações globais e flexíveis.
O Amundi Fund Bong Global Aggregate é a grande aposta para 2015 no que diz respeito às obrigações, por parte de Nuria Trio, diretora-geral adjunta da Amundi. Trata-se de um fundo de ciclo completo de obrigações globais, capaz de encontrar as melhores oportunidades em todo o universo obrigacionista, explica. “Uma gestão ativa, flexível e dinâmica num universo alargado e diversificado que inclui mercados de dívida pública global, crédito corporativo, dívida emergente e divisas. A gestão ativa do risco e o controlo da liquidez são as chaves para a construção da carteira. O fundo é gerido pela equipa de obrigações globais da Amundi Londres, beneficiando da experiência de 20 analistas económicos e 24 de crédito, além dos recursos do Grupo Amundi, líder europeu em obrigações”, assegura a responsável.
Durante décadas, os fundos de obrigações tradicionais beneficiaram da descida das taxas de juro. No entanto, com as taxas de juro em baixos níveis históricos, os investidores em obrigações enfrentam, potencialmente, um risco maior. Pelo menos assim acreditam na BlackRock. Luís Martín, diretor de venda da gestora para o mercado ibérico considera que no atual ambiente os investidores devem pensar em investir de forma distinta para fazer frente aos desafios atuais em relação às obrigações. A sua aposta para 2015 é o BGF Fixed Income Global Opportunities Fund, produto que, tal como explicam a partir da entidade, poderá ajudar a alcançar esta meta. É um fundo de obrigações flexíveis multi-estratégia, sem benchmark, cujo objetivo é gerar uma rendibilidade absoluta positiva independentemente dos retornos do mercado. Está desenhado para fazer frente às preocupações dos investidores em relação ao crescimento das taxas de juro, já que a duration será entre os -2 e os 7 anos.
Na Deutsche Asset & Wealth Management esperam um 2015 desfavorável para as obrigações. Ainda assim, Luis Ojeda, responsável da gestora para a Ibéria, acredita que existem certos sectores com valorizações razoáveis que poderão representar boas oportunidades de investimento. “Para aqueles investidores interessados em manter posições em obrigações, recomendamos que seja através de fundos de obrigações flexíveis. Entre os produtos disponíveis, destacamos o Deutsche Invest I Global Bonds, um fundo de obrigações globais flexíveis com o objetivo de bater a Euribor a 3 meses mais 300 pontos base, com uma restrição de volatilidade muito baixa (máximo de 3%)”, explica.
O fundo de obrigações escolhido para o próximo ano por Sebastián Velasco, diretor geral da Fidelity Worldwide Investiment para Portugal e Espanha é o Fidelity Funds European High Yield. É um produto que investe em obrigações de alto rendimento na Europa. “O ano de 2014 dividiu-se em duas partes: uma tendência positiva antes do verão, seguindo-se uma brusca correção com elevados níveis de volatilidade. Como resultado, o gestor oferece um rendimento de 5%, baseado em cupões previstos para o início do ano. As suas expectativas de rendibilidade para 2015 poderão ser mais atrativas, mas com um retorno com maior volatilidade. Após a correção, as avaliações têm melhorado e os cupões têm seguido como uma fonte segura de rendibilidade contra os baixos índices de não pagamento. A seleção de títulos e a diversificação da carteira, serão, portanto, vitais para que o gestor consiga rendibilidade acima do cupões em 2015”, assegura o responsável.
“Num ambiente de rendibilidades muito baixas, apostamos numa estratégia que invista em obrigações globais, muito diversificada, evitando os principais países desenvolvidos, pelo valor escasso que estão a oferecer”, afirma Ramón Pereira, diretor geral da Franklin Templeton Investment para a Ibéria. Por esse motivo a sua escolha recai no Templeton Global Bond (Eur). “Este fundo é o irmão mais novo do Templeton Global Bond (um dos fundos mais conhecidos da Franklin Templeton), com uma das principais diferenças a residir no facto de não ter risco cambial, já que investe unicamente em euros. Para o investidor mais conservador, o fundo oferece uma exposição relativamente baixa às taxas de juro (duration 2,1 anos) com qualidade de crédito média (BBB), uma rendibilidade no vencimento alta (2,5%) e com uma volatilidade muito controlada (2,7%), detalha o responsável.
“Num ambiente muito complicado para as obrigações – com os spreads em mínimos históricos e com alguns bancos centrais a antecipar uma subida das taxas para 2015 – parece aconselhado apostar numa estratégia flexível onde a equipa de gestão seja capaz de tomar posições curtas em duração, mover-se livremente entre todos os sectores da classe de ativos (dívida estatal, corporativa, cambial, titularizações, etc.) com o objetivo de gerar retornos positivos em qualquer mercado, independentemente da sua evolução, e além disso fazê-lo com um perfil de risco controlado”, afirma Javier Dorado, diretor geral da J.P.Morgan AM para Portugal e Espanha. O fundo escolhido é o JPM Global Bond Opportunities Fund, produto que – segundo explica – obteve excelentes resultados desde o seu lançamento, com os seus responsáveis a serem alguns dos gestores mais experientes da entidade.
A escolha de Sophie Del Campo, diretora geral da Natixis Global AM para a Ibéria, América Latina e US Offshore, é o fundo Natixis Credit Euro 1-3, uma estratégia de obrigações corporativas ativas com a Natixis AM a investir em títulos com o vencimento entre 1 e 3 anos, com controlo muito exaustivo do risco de crédito e com um foco muito seletivo, podendo investir até 15% em obrigações High Yield, que são utilizadas como fonte de diversificação. Tem duas fontes de rendibilidade: por um lado o seu posicionamento dinâmico entre os diferentes países e, por outro, a seleção de emissores que se baseiam no rating interno centrado nos seus fundamentais. A equipa de gestão é liderada por Philippe Berthelot, um dos maiores especialistas em crédito europeu, que conta com mais de 20 anos de experiência. “Num contexto de possíveis subidas de taxas de juro, as obrigações corporativas de curto prazo apresentam-se como uma opção muito interessante, já que são capazes de oferecer um excesso de rendibilidade sobre os ativos monetários. Estão pouco expostas às subidas das taxas de juro (vencimento de curto prazo), e não existe um elevado nível de incumprimento por parte dos emissores, mesmo estando próximo da data de vencimento da dívida e, além disso, poderão aproveitar a melhoria da economia europeia”, afirma.
Laura Donzella escolhe, para 2015, o Nordea 1 – Flexible Fixed Income Fund. A directora de venda da Nordea para a Ibéria e América Latina explica que este produto está sustentado no modelo do Nordea 1 – Stable Return Fund. A equipa de multiativos criou uma carteira flexível de obrigações globais, centrada na preservação de capital e gerida de forma equilibrada, no que diz respeito ao risco, com fontes de rendibilidade mais conservadoras (duration e moeda) e outras mais agressivas (crédito). No seu entender, o ambiente de baixas rendibilidades e as altíssimas valorizações em boa parte no universo das obrigações representam um desafio para as carteiras tradicionais. “O Nordea 1 – Flexible Fixed Income Funds oferece aos seus investidores uma ferramenta verdadeiramente global, flexível e independente que combina o investimento em crédito, duração e divisas, de maneira a que se compensem umas às outras em ambientes voláteis, obtendo-se uma rendibilidade ajustada ao risco muito atrativa”, explica.
O fundo estrela de obrigações para Isabel de Liniers, responsável de vendas para Portugal, da Pioneer Investments, e para Teresa Molins, diretora de vendas de clientes institucionais da entidade da Pioneer Investments é o Pioneer Funds – Strategic Income. Este fundo, segundo explicam, comporta-se muito bem em períodos de subida de taxa de juro. É um produto de obrigações globais com um bias nos Estados Unidos. Pode obter rendibilidades mais altas do que um fundo típico de Investment Grade pelo seu universo de investimento e flexibilidade. Pode investir em dívida soberana, crédito, high yield, emergentes, Event Linked Bonds, convertíveis, entre outros. O fundo, com um objetivo de volatilidade similar ao de uma carteira core de Investment Grade americana, é gerido por Ken Taubes, diretor de investimento da Pioneer Investment nos EUA, Andrew Feltus e Charles Melchreit. Contam com uma experiência média de 26 anos e são apoiados por uma equipa de obrigações americanas, que conta com uma experiência média de 20 anos.
A equipa liderada por Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para a Iberia, pensa que em 2015 continuará a haver períodos de volatilidade no mercado de obrigações mundial devido, principalmente, a alguns mecanismos que mantêm a volatilidade baixa e que estão a desaparecer. “No entanto, consideramos que a volatilidade é fundamental para gerar rendibilidade, já que oferecem oportunidades para os investidores. Não obstante, os investidores têm de ter muito em conta a liquidez dos seus investimentos, já que em momentos de stress do mercado, a liquidez pode variar consideravelmente. É por isto que para o próximo ano a chave será a análise macro, a seleção de ativos e a escolha de estratégias flexíveis que podem adaptar-se às mudanças de ambiente. A nossa aposta vai para o Schroder ISF Strategic Bond, gerido por Bob Jolly, um fundo que tem o foco em investimento global e flexível e que se pode adaptar às mudanças do mercado para aproveitar as oportunidades que apareçam. O fundo pode investir em dívida soberana e corporativa dos mercados desenvolvidos e emergentes, high yield, moedas, entre outros, assim como utilizar estratégias de curva e de duration. Esta gestão ativa e flexível é uma boa opção para os investidores que podem investir de forma táctica e estratégica em todos os setores das obrigações e moeda, já que são mercados ricos em oportunidades para gerar alfa”.
Juan Infante, responsável da UBS Global AM para Espanha e Portugal escolhe o UBS (Lux) Bond Fund Euro High Yield. Gerido por Craig Ellinger e Zachary Swabe, o fundo investe principalmente em obrigações corporativas high yield denominadas em euros, de emissores que devem cumprir alguns critérios de seleção. O gestor do fundo combina diversos emissores de diferentes países com títulos com prazos de vencimentos distintos e que são selecionados de forma cuidadosa, com o objetivo de aproveitar oportunidades interessantes, mantendo o risco controlado. “Num ambiente de taxas de juro baixas, a dívida high yield pode ser uma alternativa interessante para os investidores que procuram retornos. Outros benefícios desta classe de ativos é que ajuda a diversificar a carteira, oferece um atrativo rácio retorno/risco comparado com as ações e uma baixa sensibilidade à mudança das taxas de juro”, afirma Juan Infante.