As perspetivas e os riscos que Rui Araújo, CFA, apresenta à luz do BPI Ásia Pacífico

Rui Araújo, CFA

O último ano foi de excelência para o gestor Rui Araújo, CFA, gestor de carteiras da BPI Gestão de Ativos. Prova disso foi um fundo sob sua gestão - o BPI Ásia Pacífico - ter sido a estratégia nacional que mais se destacou entre todas as classes de fundos nacionais em 2020. Assim, a FundsPeople foi perceber quais as perspetivas que o profissional tem para a região em que o produto investe.

Com 16,61% de rentabilidade em 2020, o fundo que apresenta uma carteira de ativos em ações de países do continente Asiático e Oceânia, foi impulsionado por vários fatores que o levaram a um bom porto. O profissional apresenta alguns deles e destaca “a combinação de um produto altamente disciplinado com um elevado nível de governance, desenhado para beneficiar das boas práticas da indústria e eliminar/reduzir os erros da maioria dos gestores como a elevada rotação/trading”.

Mas focando nas perspetivas para 2021, o gestor conta que a região Ásia Pacífico é uma região que, em comparação com o resto do mundo, parece já ter recuperado os seus níveis de atividade económica devido ao sucesso das políticas no combate à pandemia. Entretanto, a Europa e os EUA continuam a enfrentar restrições, o que vai levar a que a “atividade permaneça restringida no Ocidente até a vacina estar mais distribuída, enquanto a China já voltou aos níveis da atividade económica que se viam anteriormente à crise, e a restante Ásia para lá caminha”. É esta diferença que faz com que o gestor tenha uma visão positiva para esta região. Entretanto, “as perspetivas de crescimento estrutural na Ásia, que são sustentadas pelo crescimento da classe média, são um bom indicador para as classes de consumo onde estamos investidos e a tendência deve continuar nos próximos anos, principalmente na China, Índia e Indonésia”, coloca. 

Ainda sobre o tema China, Rui Araújo afirma que o acordo de livre comércio realizado recentemente entre 15 países da região é mais uma razão que sustenta a visão positiva de perspetiva de crescimento de longo prazo.

Riscos

Ao se perspetivar um fundo que possui uma carteira de ativos em ações de países do continente Asiático e Oceânia, a relação China-EUA não podia deixar de ser falada. Neste sentido, o profissional refere que “apesar da relação mais estável entre China e EUA sob uma administração Biden, as tensões entre China e EUA continuarão a ser um risco, tendo em conta que o país continua a ver a China como um rival estratégico, e a guerra fria tecnológica poderá ser uma constante na próxima década e um driver de volatilidade”.

Em relação à pressão regulatória e o escrutínio tecnológico que começa a aumentar na China, Rui Araújo destaca “a abertura de uma investigação ao grupo Alibaba por indícios de posição dominante e práticas anti concorrenciais são um risco regulatório para a região”.

Já numa perspetiva mais global, os obstáculos no processo de vacinação, a eficácia das vacinas e a mutação do vírus são riscos que devem ser tidos em conta na atualidade por parte dos investidores e o gestor do BPI Ásia Pacífico não foge à regra.