As gestoras explicam como viveram o mês de férias por excelência.
Prova de que este tem sido um dos agostos mais tranquilos nos mercados de ações são os volumes de mercado. Normalmente, quando há nervosismo e sobressaltos, os volumes aumentam significativamente. Em períodos de calma e tranquilidade, descem de forma relevante, o que se acentua na época estival. A tendência na Europa tem sido mesmo essa. “Este verão temos vivido um período de volatilidade extremamente baixa e em agosto tivemos a semana com menor volatilidade das últimas décadas”, sublinha Ana Guzmán, diretora geral e responsável de desenvolvimento de negócio da Aberdeen para a Ibéria.
A especialista considera que o que ocorreu foi que os mercado celebraram a robustez da economia americana, o que conduziu novamente o S&P 500 a máximos. Vimos também o FTSE 100 a tocar em máximos graças ao impulso que representou a depreciação de 11% que registou a libra face ao euro. “O mercado norte-americano de ações subiu graças aos lucros do segundo trimestre acima das expectativas, e ao compromisso dos bancos centrais de todo o mundo para continuarem a aplicar políticas monetárias expansivas. O resto da Europa, por seu lado, foi impulsionado pelos sectores mais sensíveis ao ciclo económico, como o consumo discricionário e a tecnologia”, explica Richard Carlyle, diretor de Investimentos do Capital Group.
Este bom comportamento dos mercados de ações durante o mês de férias por excelência, chocou frontalmente com as expectativas de muitos agentes de mercado, que esperavam um agosto agitado. Alguns, inclusivamente, consideram que a calma vivida nos mercados tem sido surpreendente. “É evidente que a economia mundial atravessa um período de baixo crescimento, existem tendências deflacionárias, um elevado nível de dívida e uma baixa produtividade. Além disso, a economia mundial enfrenta vários riscos potenciais, incluindo o Brexit, que se materializou. Apesar de muitas empresas terem sido capazes de adaptar-se bem a este contexto difícil e de defenderem a sua rentabilidade, em geral, observamos pouco crescimento dos lucros”, indica Peter Steffen, gestor de carteiras na Ethenea Independent Investors. Na sua opinião, a razão do rally nas ações deve ser outra.
“As elevadas valorizações das ações devem-se principalmente à nova diminuição das taxas de juro. Além disso, os mercados de ações daqueles países cuja moeda se debilitou são os que se têm comportado melhor, como por exemplo o Reino Unido e os Estados Unidos”, sublinha. Perante a reta final do ano, em geral, as perspectivas da economia global continuam a ser moderadamente positivas, apesar das ameaças que representam para o livre comércio algumas situações, como a já citada saída do Reino Unido da UE. “A economia norte-americana continua a destacar-se no panorama mundial, graças à robustez a longo prazo do mercado laboral e habitacional. Por outro lado, a Europa e o Japão continuam a tentar estimular o crédito e o crescimento económico, num momento em que fortes pressões deflacionárias jogam contra si”, aponta Carlyle.