Ativos financeiros da Fundação Calouste Gulbenkian recuaram quase 11% em 2022

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Créditos: FundsPeople

Nem a Fundação Calouste Gulbenkian ficou imune a um dos piores anos dos mercados, dos últimos tempos. O relatório e contas divulgado pela fundação mostra que em 2022 o ativo da instituição atingiu um valor de 3.415,54 milhões de euros, diminuindo 10,92% face ao valor de final de 2021. A carteira de investimentos da fundação - que constitui o grosso de ativo - também registou um ano de queda, em 2022.

Os ativos financeiros da Fundação Calouste Gulbenkian, ou seja, a carteira de investimentos, fixou-se nos 3.317,60 milhões de euros, uma diminuição de 403,69 milhões de euros (-10,85%) face ao valor de 31 de dezembro de 2021.

Ativos financeiros correntes detidos para negociação

Fonte: Relatório e contas Fundação Calouste Gulbenkian 2022

O decréscimo dos ativos financeiros da entidade, justificam, "corresponde essencialmente, em 2022, à descida de valor da carteira e ao financiamento da atividade da fundação".

O fundo de capital da entidade, por sua vez, atingiu os 3.143,15 milhões de euros (o que corresponde a 92,02% do valor do ativo) e reflete um decréscimo de 327,87 milhões de euros (-9,45%) face ao valor de final do ano anterior. Segundo as informações da entidade, "este decréscimo resulta da transferência para o Fundo de Capital de um resultado negativo de 372,27 milhões de euros (no exercício de 2021 fora transferido um resultado positivo de 473,13 milhões de euros) e do aumento de 44,40 milhões de euros da rubrica de Reservas (Doações no valor de 0,2 milhões de euros e Desvios atuariais no valor de 44,16 milhões de euros)". A variação do Fundo de Capital de 327,87 milhões de euros no exercício de 2022, adiantam, explica-se, entre outros motivos, pelo "retorno negativo da carteira de ativos financeiros" que se cifrou no valor de 286,08 milhões de euros.

Carteira desvaloriza quase 9%

Num ano marcado pelas quedas dos ativos, a carteira de ativos financeiros da fundação registou uma rentabilidade negativa de 8,76%, "o que compara com um retorno positivo de 17,7% em 2021". Assim, sem novidade, justificam que "o risco de mercado representa a eventual perda no valor da carteira de investimentos resultante de uma alteração adversa dos preços das ações no mercado de capitais".

Desagregação dos resultados obtidos em 2022 e 2021

Fonte: Relatório e contas Fundação Calouste Gulbenkian 2022

Na rubrica de ativos financeiros não correntes detidos para negociação, houve um decréscimo significativo justificado pela fundação. Falam de uma variação "essencialmente justificada pela venda da participação no fundo Markel CatCo, cujo proveito ascendeu a 823.000 euros".

Ativos financeiros não correntes decorridos para negociação, a fundação apresenta os seguintes detalhes:

Fonte: Relatório e contas Fundação Calouste Gulbenkian 2022

Política de investimento responsável prossegue

Como já tinha acontecido em 2021, a fundação volta a dedicar um capítulo apenas à política de investimento responsável, no seu relatório e contas. Mantêm a opinião sobre "privilegiar investimentos responsáveis, com exposição a empresas com práticas consistentes com os objetivos de uma sociedade mais sustentável, mais inclusiva e mais justa". Adicionalmente, e também como já acontecia um ano antes, indicam que irão "escrutinar os gestores da carteira de investimentos à luz de critérios ambientais, sociais e de governo da sociedade (ESG na sigla inglesa para environment, social, governance), não só em relação ao seu posicionamento atual, como à evolução futura da aplicação dos seus fundos".

Nas iniciativas destacadas neste âmbito em 2022, apontam, por exemplo, "a adoção de índices ESG em estratégias passivas de investimento, tanto na carteira de ações como na carteira de obrigações de empresas". A aplicação de um questionário ESG a todos os gestores de ativos, salientam, foi outra das atividades, sendo "considerado no momento da decisão de investimento".