Ativos vencedores e perdedores em 2022

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Créditos: Cristina Gottardi (Unsplash)

Nesta época do ano convém olhar para trás e refletir sobre o bom e o mau, bem como sobre as surpresas de 2022. Na abrdn realizaram uma revisão dos ativos com pior desempenho em 2022 e também os que trouxeram muita alegria às carteiras.

Obrigações indexadas à inflação (TIP US Equity) - Queda de 10%

Num ano em que a inflação disparou, as TIPS (obrigações do Tesouro norte-americano indexadas à inflação) caíram, o que sem dúvida surpreendeu quem pensava que ofereciam proteção contra a inflação. Demonstrou que não existe um ativo perfeito para um contexto inflacionista, mas sim diferentes ativos que funcionam em diferentes fases do ciclo de superação da inflação, as TIPS caíram quando a Fed aumentou agressivamente as taxas para salvar a sua credibilidade. 

Tecnologia/NASDAQ (índice NDX) - Queda de 33%

No ano passado, as empresas mais sensíveis às variações das taxas de juro (o estilo de investimento conhecido como growth) reverteram grande parte dos seus ganhos de 2021. Após as fortes subidas, impulsionadas na maioria pela injeção de liquidez dos bancos centrais durante e depois da pandemia, as empresas tecnológicas lideraram a queda das bolsas. O subsetor tecnológico não rentável, em particular, caiu 60%, devido à diminuição do interesse dos investidores por ações mais especulativas.

Bitcoin - caiu 60%

A Bitcoin, que foi um dia aclamada como instrumento de diversificação sistemática, reserva de valor e cobertura contra a inflação, perdeu dois terços do seu valor como consequência das quedas dos mercados mundiais e do aumento da taxa de inflação. Hoje é negociada abaixo do seu preço de 2021 e foi vítima da retirada de liquidez provocada pelos bancos centrais e, mais recentemente, pela crise que afeta as criptomoedas, depois de empresas cripto fraudulentas (FTX) serem descobertas.

Dólar norte-americano (índice DXY) – Valorização de 10%

No que diz respeito aos ativos vencedores, o valor do dólar subiu face aos seus homólogos do G10 apesar da preocupação dos meios de comunicação com a perda de credibilidade da Reserva Federal e da deterioração do poder de compra da moeda. A Fed subiu as taxas de forma mais agressiva do que a Europa, o Reino Unido e, em particular, o Japão, contribuindo para que a divisa norte-americana se tornasse mais atrativa para os investidores. À medida que o valor do dólar caía face a um cabaz de bens e serviços, subia face às divisas do G10. Isto gerou ganhos para quem se expôs ao dólar a partir do estrangeiro.

Ações do petróleo e gás - sobem 60%

Apoiado pelas interrupções da cadeia de abastecimento que aconteceram como consequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o preço da energia aumentou na primeira metade do ano, embora tenha moderado desde o verão. Apesar da subida ter pressionado as famílias, foi uma fonte de lucros para os investidores em matérias-primas e em ações do setor energético norte-americano. O ETF iShares Oil & Gas subiu 60% no ano, muito acima do índice S&P geral, que desceu 15%.

Turquia (TUR US Equity) - Sobe 80%

Num ano em que a inflação na Turquia ultrapassou os 80% e o banco central adotou a estratégia pouco convencional de reduzir as taxas em vez de as subir para combater as pressões sobre os preços, a divisa caiu 30%. Seria de esperar que um país em crise gerasse poucos retornos para os investidores e, no entanto, os estrangeiros que investiram na bolsa turca em dólares obtiveram os melhores retornos dos mercados mundiais de ações, impulsionados por um aumento estratosférico dos lucros por ação do índice.