Aversão ao risco: a alocação de ativos de ações globais cai para mínimos históricos

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Créditos: Loic Leray (Unsplash)

A recuperação do otimismo revelou ser um evento de verão. O último Fund Manager Survey do BofA, correspondente a setembro, mostra que a aversão ao risco voltou. E está em níveis históricos. A alocação de ativos dos gestoras a ações globais está em mínimos. Ultrapassa até a queda do apetite por ações de 2008, com a Grande Crise Financeira.

O sentimento entre os gestores profissionais é muito pessimista. Os níveis de liquidez que gerem voltaram a aumentar para os 6,1%. A última vez que estiveram tão elevados foi depois do 11 de setembro.

Cenário provável: uma recessão

É um pessimismo em relação ao mercado que vai de mão dada com as perspetivas pouco animadores para a economia global. Um número quase recorde de gestores (72%) prevê uma economia mais fraca nos próximos 12 meses. É um consenso mais profundo do que mesmo durante crises anteriores como 2020, 2008 ou da bolha das dotcom. Assim, o número de profissionais que consideram provável haver uma recessão continua a aumentar. A percentagem que favorece uma contração da economia está aos níveis de maio de 2020. A Europa é uma zona de preocupação. 70% dos gestores acreditam que a crise energética irá empurrar a economia europeia para uma recessão.

Curiosamente, outro indicador que aponta uma grande probabilidade de uma recessão a curto prazo é a percentagem de gestores que acredita que estamos na fase final do ciclo. Esse número está em queda, algo que tipicamente ocorre precisamente em períodos de recessão. Desde o seu pico em junho de 2022, esse número tem vindo a diminuir de maneira contínua. De 80% para os atuais 67%. Segundo o BofA, uma queda desta magnitude tem coincidindo historicamente com um período de recessão.

Além disso, nove em cada 10 gestores inquiridos esperam ver uma queda nos lucros empresariais ao longo dos próximos meses. Isto, interpreta o BofA, pressagia mais fraqueza para os dados do PMI.

Análise do posicionamento

Como se traduz isto no seu posicionamento? Em comparação com a média histórica, os gestores profissionais estão muito longos em nichos defensivos como a liquidez, o consumo básico ou a saúde. Também estão positivos em zonas mais cíclicas como a energia, matérias-primas ou bancos. Por outro lado, estão subponderados em ações, ativos da zona euro e emergentes.

O termómetro mais preciso é a mudança no posicionamento mensal. Aqui vemos como, no último mês, os gestores retiraram das suas carteiras obrigações e ações para as substituir por liquidez e consumo básico.