Um ano depois é hora de revisitar a estratégia de Paulino Pomar. O profissional voltou a falar com a Funds People Portugal sobre o BBVA Global Bond, produto que continua a primar pela flexibilidade.
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Mais uma vez, Paulino Pomar, responsável do mercado obrigacionista internacional do BBVA e parte integrante da gestão do fundo BBVA Global Bond, veio a Portugal, no contexto de uma conferência promovida pelo BBVA Asset Management, para fazer um update sobre a estratégia do produto mencionado.
Quase um ano após a última conversa com a FP Portugal, o especialista, questionado sobre as principais alterações à estratégia nos últimos 12 meses, deu início à resposta com: “As coisas mudam muito e não mudam nada”. Esclareceu que “a vantagem de um fundo diversificado global passa por permitir a obtenção de retornos a partir de origens muito diferentes. Neste sentido, a estratégia não mudou nada. Continuamos com visões relativamente parecidas na grande maioria das curvas”.
Efetivamente, e segundo o profissional do BBVA, as principais apostas do fundo continuam inalteradas. Fala em concreto da posição curta nos Estados Unidos, tendo em vista o cenário de que a Reserva Federal irá continuar a subir taxas e isso terá impacto no mercado de fixed income. No entanto, o especialista destaca que “a Fed demorou muito a subir”. “Na nossa opinião demorou mais do que deveria ter demorado e, possivelmente, o contexto internacional fará com que a Fed seja menos agressiva nas subidas do que esperávamos. Talvez possamos contar com três subidas este ano em vez das quatro esperadas. Mantemo-nos curtos nos EUA, mas sem ser muito agressivos. Eles terão que subir taxas e é melhor antes do que depois, já que poderá custar-lhes a credibilidade”.
Mais uma vez e à semelhança do ano passado, a gestão continua longa na Austrália e na Nova Zelândia, embora os pratos da balança pendam significativamente mais para o segundo país. Isto acontece mesmo sob a convicção de que “a desaceleração chinesa irá afetar todos estes países do sudeste asiático”.
As obrigações indexadas à inflação são outra posição longa do fundo, especialmente nos EUA, a 5 e a 10 anos. “Se olharmos para o CPI observamos que o crescimento da inflação acelerou significativamente”, justifica Paulino Pomar, acrescentando que com “taxas de desemprego em mínimos e uma taxa de participação que não para de crescer, mais tarde ou mais cedo isto deverá começar a impactar os salários, embora esteja a tardar mais do que esperávamos”. “Por essa mesma razão estamos também longos em inflação europeia, sobretudo nos 10 anos, principalmente porque esperávamos algum tipo de surpresa por parte de Mario Draghi. Nao faz sentido que o breakeven de inflação para os próximos 10 anos esteja abaixo de 1%. Como tal fizemos uma aposta a longo prazo na inflação, na expectativa de que a recuperação e as medidas do BCE impactem as expectativas de crescimento e de inflação na Europa”, complementa.
No segmento high yield, têm vindo a incrementar as posições na Europa, já que “as medidas que Draghi anunciou, que surpreenderam pela profundidade e quantidade, deverão dar suporte a ativos como estes, especialmente quando as restantes emissões não proporcionam qualquer tipo de rentabilidade”, explica o especialista em obrigações, acrescentando que o BCE “está a obrigar os investidores a diversificar ao nível dos ativos de risco e durações da curva”.
Em termos médios a duração da carteira deverá andar em torno dos 1,25 anos abaixo dos 2 anos que se verificavam em abril do ano passado. Não obstante, Paulino Pomar espera vir a incrementar um pouco esse indicador, especialmente nos EUA se “se confirmar o cenário de subida de taxas”, podendo variar o incremento conforme o aumento de taxas seja mais ou menos agressivo.
A gestão do fundo foge da exposição à incerteza política, como por exemplo, na Espanha e Reino Unido. Neste último caso, o profissional receia que um Brexit possa impactar significativamente a curva de yields do país onde “as oportunidades podem custar muito dinheiro”. No entanto, não põe de parte uma eventual aposta mais tática, de muito curto prazo e com stop-loss muito curta.
As recentes medidas do BCE
Perante o recente anúncio de medidas por parte do BCE, Paulino Pomar acredita que, “na compra de obrigações corporativas o banco central vai manter a mesma disciplina que manteve com as soberanas. Deverá ter em consideração algum tipo de ponderação por país, mas na verdade terá que comprar onde o mercado o permita, por questões de liquidez”. Acrescenta que “a política de comunicação do banco central tem sido muito clara, pelo que em breve deveremos ser esclarecidos”. Refere que “é uma grande dúvida e poderá gerar algum ruído político, já que não podem ser critérios tão objectivos como os que eram utilizados anteriormente”. Por outro lado, acredita que as restantes medidas servirão para dar algum suporte à banca, especialmente com o eventual acesso a crédito a taxas negativas, que permitirá às instituições financeiras “capturar alguma margem que até agora não conseguiam capturar”.
O Fundo
O BBVA Global Bond é um fundo de obrigações diversificado e global, com bastante flexibilidade em termos geográficos e ao nível das classes de ativos, e com total liberdade na alocação cambial. Os títulos fixed income soberanos ou quasi-soberanos ocupam mais de 60% da carteira. O recurso a unidades de participação de fundos de terceiros é comum, tanto na alocação a classes de ativos nas quais não são especializados, como por questões de dimensão em mercados de menor liquidez. A gestão utiliza derivados não só para cobertura de risco, mas também para uma gestão mais flexível das alocações.