BlackRock antecipa mais quedas: “A recessão que prevemos não se reflete no preço no mercado de ações”

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Créditos: Kaleb Tapp (Unsplash)

Os olhos estão postos no novo enquadramento macroeconómico. As perspetivas para 2023 estão mais turvas, dadas as incertezas do choque energético. São cada vez mais as vozes dos economistas que alertam para uma recessão iminente. Se tal acontecer, seria um dos cenários de desaceleração económica mais antecipados da história. Os responsáveis pelas políticas monetárias reconhecem haver um novo enquadramento macroeconómico, mas, como explica a BlackRock, estão a ignorar a relação entre a inflação e o crescimento. “A recessão resultante é uma má notícia para os ativos de risco”, alertam.

No recente simpósio de Jackson Hole, os banqueiros centrais começaram a reconhecer esta realidade, mas na gestora acreditam que não estão a dar prioridade às implicações económicas sobre a pressão para abrandar a inflação. “Parece que por enquanto não têm intenção de abordar a estreita relação entre a inflação e o crescimento. E isto é um grande problema. Acreditamos que trazer a inflação de volta aos níveis fixados como objetivo pelos bancos centrais implica destruir a procura com uma recessão”, explicam Jean Boivin, responsável da BlackRock Investment Institute e Wei Li, principal estratega de Investimentos na mesma empresa.

Na sua opinião, o novo regime requer ajustes mais frequentes nas carteiras. O horizonte temporal é essencial. “A curto prazo, estamos subponderados em ações de mercados desenvolvidos face a um agravamento das perspetivas macroeconómicas. Os bancos centrais parecem dispostos a endurecer demasiado a política monetário e deter o reinício económico. As recessões que prevemos não estão refletidas nos mercados de ações. É a razão pela qual não estamos a comprar”. Em contrapartida, a longo prazo, estão moderadamente sobreponderados em ações de mercados desenvolvidos. “Têm uma relativa atratividade sobre os ativos privados e as obrigações”.

Se a visão da BlackRock a curto prazo sobre os ativos de risco é pessimista, existe outro segmento do mercado sobre o qual se mostram muito mais construtivos: os títulos indexados à inflação, onde estão sobreponderados. “Agora, e estaremos ainda mais no futuro. Os mercados estão, uma vez mais, a subestimar a persistência de uma inflação mais elevada”, avisam.