BlackRock: os títulos defensivos já não protegem os investidores conservadores

Koesterich
Cedido

Porque é que a bolsa norte-americana está em máximos? Parte da explicação deste comportamento parece ter a ver com a insaciável procura de  rentabilidade por parte dos investidores, que os levou a uma inevitável maior busca por risco. Isto foi perceptível na evolução favorável demonstrada pelas empresas defensivas, especialmente a partir de abril. Mas que danos colaterais pode este comportamento ter nos títulos mais defensivos? Segundo Russ, Koesterich, estratega chefe global da BlackRock, a procura por ações que ofereçam maior resistência às condições económicas adversas e que para além disso podem gerar um rendimento via dividendo para os investidores, encareceram muito esta classe de ativos, levando o investidor a “pagar demasiado e a expor-se a riscos ocultos”.

Para Koesterich, está a ignorar-se o extraordinário efeito positivo que está ter sobre o mercado norte-americano o facto das taxas se terem mantido baixas de forma estável. Os ativos que na sua opinião já beneficiaram desta estabilidade foram precisamente os que são considerados mais defensivos e que valorizaram consideravelmente, parecendo agora sobrevalorizados. O representante da BlackRock dá como exemplo deste fenómeno os REITS: o índice que mede o comportamento destes veículos (o Dow Jones Select REIT Index) aumentou cerca de 20% no ano, quase duas vezes a rentabilidade do S&P 500 no ano. “Observamos um apetite similar pela distribuição de rendimentos noutros sectores orientados para a remuneração do mercado de valores, nomeadamente companhias elétricas e empresas de consumo básico”, acrescenta o estratega.

Pois bem: “Quais são os riscos ocultos a que Koesterich se refere?”. Este afirma que “todos os sectores defensivos apresentam valorizações agressivas e têm consigo uma duração escondida, ou sensibilidade às taxas de juro. Se as taxas sobem, mesmo que de forma modesta, em 2015 – como esperamos que aconteça – é provável que estes sectores gerem rentabilidades pouco interessantes, por causa das suas valorizações serem particularmente sensíveis às subidas das taxas”. O conselho do estratega para superar este perigo foca-se em procurar rentabilidade noutras partes do mercado, como por exemplo na dívida high yield e em ações mais sensíveis ao ciclo, “que podem estar preparados para beneficiarem de uma economia em processo de melhoria”.