“O setor de infraestruturas cotadas oferece, atualmente, valorizações historicamente baixas num momento onde as tendências estruturais vão oferecer grandes oportunidades de investimento”, alerta Leonardo Anguiano, gestor da equipa de Ações de infraestruturas na Brookfield Public Securities Group (PSG).
Por detrás do nome da Brookfield está uma trajetória consolidada de muitas décadas no mundo dos ativos reais privados. Com quase um bilião de dólares em ativos sob gestão, a empresa é uma das principais players no segmento. Menos conhecido é o seu negócio de ativos reais cotados, o Brookfield Public Securities (PSG), que é precisamente a área que a gestora procura impulsionar neste momento.
O motivo? A oportunidade nas valorizações que identificam atualmente. “Os ativos de infraestruturas cotados movem-se com valorizações historicamente baixas à porta de um ponto de inflexão positivo, tanto na política monetária como numa melhoria gradual dos esquemas regulamentares”, alerta Leonardo Anguiano, gestor da equipa de Ações de Infraestruturas na Brookfield PSG, a divisão de ativos cotados na Brookfield AM. O especialista não arrisca fixar uma data para as descidas de taxas, mas sabe claramente que, quando estas ocorrerem, poderemos ver uma recuperação significativa nesta classe de ativos.
Valorizações atrativas
“Apesar da volatilidade no preço das ações, os fundamentais continuam sólidos e as empresas têm gerado liquidez constantemente. No entanto, há anos que as valorizações das infraestruturas cotadas estão sob pressão de descida, em bolsa. Na minha opinião, desproporcionalmente”, afirma. É uma lacuna que chama particularmente a atenção do gestor, porque é um segmento de mercado que, historicamente, negocia com um prémio, e agora está em mínimos históricos.
Também encontram apetite por parte dos investidores institucionais. “Fundos soberanos, que têm muita tradição em investir em ativos reais no âmbito privado, perguntaram-nos sobre as nossas estratégias de infraestruturas cotadas porque veem uma lacuna entre o que o mercado paga e como estes investimentos estão valorizados nos seus fundos privados”, conta o especialista.
Um ponto de inflexão fundamental: novas tendências estruturais
A tese a favor do mercado de infraestruturas cotadas não se sustenta apenas nas mudanças na política monetária. Na opinião de Leonardo Anguiano, também é fundamental o ponto de inflexão que está a ocorrer em três áreas específicas a nível global.
“A digitalização, a descarbonização e a desglobalização são três tendências estruturais que nos vão acompanhar ao longo das próximas décadas. O setor público apercebeu-se de que precisa do setor privado para poder alcançar os objetivos fixados neste sentido”, afirma. O gestor sente que há vontade política para estender a mão às empresas privadas, como, por exemplo, no setor energético, melhorando as condições dos contratos com as empresas elétricas para poderem desenvolver a infraestrutura necessária, tanto em energias renováveis como na expansão da rede elétrica.
Acordo de distribuição com a AMCHOR IS
Recentemente, a Brookfield PSG chegou a um acordo de distribuição com a AMCHOR Investment Strategies para a sua gama de fundos UCITS, incluindo os seus fundos de infraestruturas, imobiliários e renováveis cotados. A divisão Brookfield PSG conta com 25.000 milhões de dólares em ativos sob gestão entre as suas quatro equipas (ações de infraestruturas, ações imobiliárias, dívida imobiliária e soluções multiativos).
A equipa da PSG Listed Infrastructure gere quase 5.000 milhões atualmente, principalmente provenientes de mandatos institucionais. Não obstante, acreditam que o duplo efeito das valorizações atrativas e do seu impulso na distribuição vai oferecer um crescimento em ativos sob gestão ao veículo UCITS. “Acreditamos que o nosso produto encaixa no mercado ibérico, onde existe um elevado nível de conhecimento nos setores imobiliário e de infraestruturas”, defende.
O ADN da Brookfield aplicado aos mercados cotados
Embora as empresas em que as equipas de mercados privados da Brookfield AM se centram sejam diferentes das empresas em que a Brookfield PSG investe, a filosofia de investimento da gestora é partilhada. Leonardo Anguiano define o estilo Brookfield como value com viés para a qualidade. A sua abordagem em bons ativos comprados ao preço certo permite-lhes alcançar um crescimento composto muito atrativo e com pouco risco, visto que são negócios com baixa ciclicidade. Se encontrarem o ativo correto a um bom preço, não hesitam em desviar-se do índice de referência e em ter um tracking error mais elevado se for necessário.
Além disso, grande parte do risco que o fundo assume é idiossincrático para as empresas em carteira. Ou seja, não são investimentos baseados em aspetos macroeconómicos ou em determinados fatores. “Temos uma mentalidade inconformista nas áreas onde acreditamos ter uma vantagem intelectual. Entender o valor intrínseco de um ativo real está no nosso ADN”, aponta o gestor.