O peso do setor no mercado de ações americano é tão elevado que a evolução destas empresas poderá condicionar – e muito – a direção que as ações irão tomar em 2019.
Nas últimas semanas, as empresas tecnológicas e as empresas relacionadas com a tecnologia lideraram as subidas e descidas do mercado. O nível de volatilidade continua a ser mais acentuado no setor tecnológico do que no mercado em geral. As empresas conhecidas como FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google, dono da Alphabet) viram-se particularmente afetadas, como consequência do longo período em subida que estas empresas atravessaram. Estão a perder a sua força ou serão capazes de manter a sua posição? Confrontámos a opinião de duas gestoras de fundos, que pensam coisas diametralmente opostas.
Para Luca Paolini, estratega chefe da Pictet AM, a subida das ações tecnológicas terminou. “Juntamente com industriais e consumo discricionário tocaram durante o verão máximos desde 1999. Tal sobrevalorização corrigiu-se em parte, mas podem continuar a comportar-se pior num contexto de menor crescimento económico”, afirma o especialista. Da entidade incidem também no facto de que a Alphabet e o Facebook, apesar de apresentarem resultados melhores do que o previsto no terceiro trimestre, viram-se afetados por notícias negativas em relação à fuga de dados e receios de impostos digitais numa altura em que os investidores estão preocupados com o facto de os lucros terem tocado níveis máximos.
Chris Buchbinder, Mark Casey e Don O’Neal, gestores de ações da Capital Group, reconhecem que poderá acontecer uma dispersão de resultados entre as FANNG, dadas as diferenças de valorização e de posição no ciclo de rendimentos, embora “os fundamentais de muitos destes pesos pesados continuem a ser sólidos”. Embora seja possível que assistamos a um período de fragilidade e volatilidade, ainda mais depois de algumas empresas tecnológicas, como o Facebook e Amazon, terem expresso uma certa cautela nas suas últimas previsões de rendimentos, os lucros que as empresas do setor registam estão mais de acordo com o preço das suas ações do que estavam durante a crise no início de 2000.
Dão como exemplo o facto de os balanços de tesouraria da Apple, Microsoft e Alphabet estarem entre os mais elevados em relação às empresas norte-americanas não financeiras. “Além do dinheiro nos seus balanços, outros fatores que este tipo de empresas têm a seu favor é o facto de muitas empresas periféricas apresentarem um grande potencial de crescimento, como o YouTube e Android no caso da Google, ou o Instagram e WhatsApp no caso do Facebook; contam com um diretor geral forte, fundador ainda a cargo da empresa; mostram um crescimento orgânico dos rendimentos superior à média e têm a capacidade de atrair os melhores profissionais do setor”, enumeram.